População de São Carlos segue mobilizada na luta nacional contra Jair Bolsonaro

População de São Carlos segue mobilizada na luta nacional contra Jair Bolsonaro

03/07/2021 Off Por Editorial Tribuna São Carlense

Na manhã deste sábado (3), centenas de pessoas se reuniram na praça do Mercado Municipal, onde a população organizou uma plenária e decidiu seguir em marcha pela avenida São Carlos, com a pauta da vacinação em massa e contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido). 

 

A mobilização em São Carlos e a luta nacional do 3J

Mais de 350 cidades brasileiras seguem na mobilização pela saída de Jair Bolsonaro da presidência da república. O ato de hoje, denominado 3J, é o terceiro em cinco semanas. Em São Carlos, mais de 1000 pessoas ocuparam as ruas segundo estimativa das entidades organizadoras.

O Comitê Nacional Fora Bolsonaro, composto por diversas entidades, vem reunindo-se quase semanalmente para indicar datas para ações nacionais, dentre as quais os atos. Inicialmente, havia sido indicado que o próximo ato seria apenas no dia 24 julho, porém após os últimos depoimentos na CPI da covid denunciarem esquemas de corrupção na negociação de vacinas pelo governo federal, a data de 3 de julho foi também indicada como um dia de mobilização nacional.

Ronaldo Mota, professor e militante do PSOL, faz uma síntese das pautas levantadas pelo movimento: “o lema que a gente tá usando ainda é ‘vacina no braço, comida no prato’, que significa que só é possível retomar a economia se tivermos uma vacinação em massa, e para isso é necessária a compra de vacinas.” Ronaldo afirma que o atraso do Brasil em relação à vacinação foi uma política do governo, “e por isso a necessidade do impeachment, por isso a necessidade da penalização desse governo, pelas mais de 520 mil pessoas que sucumbiram a essa política deliberada desse governo de não comprar as vacinas”. 

Acrescenta ainda que o ato é também pela defesa da ciência, dos empregos e dos direitos trabalhistas, pois o modelo econômico ditado por Paulo Guedes penaliza principalmente os setores que já são mais marginalizados em nosso  país: “Acho que tem um contingente muito grande de medidas, de políticas em nível nacional, que estão sendo questionadas a partir do maior problema hoje, que é a pandemia do covid”, encerra.

 

Diversos setores da sociedade marcaram presença nas mobilizações 

Vários setores estão mobilizados, com forte presença de estudantes. Octávio Mota, integrante da Associação de Pós-graduandos da USP de São Carlos, explica que o apoio estudantil é muito importante, pois a categoria é uma das camadas que sofre com a precarização, assim como outros trabalhadores. 

“Os alunos de pós-graduação são duplamente prejudicados, pois não têm direitos trabalhistas apesar de ter dedicação exclusiva. Não têm férias, décimo terceiro, o pagamento não é tido como um salário, é tido como uma bolsa, que por sua vez não tem reajuste desde 2013 e estão sendo cortadas. O pesquisador vem sendo entendido como um inimigo do governo justamente num momento de pandemia, em que a pesquisa para fazer respirador, para entender como funciona a transmissão do vírus, fazer vacina, se faz necessária. Mesmo nesse momento a pandemia vem sendo usada como arma política, para precarizar ainda mais os estudantes da pós-graduação e o cientista no geral.”

Trabalhadores camponeses também compuseram o ato. Segundo Juan, militante do PSTU que atua no acampamento Capão das Antas, a participação do Capão se dá principalmente porque toda luta é uma luta política: “e a luta pela terra é uma luta política que não está separada da luta contra o governo Bolsonaro, nem do governo Dória e do prefeito Airton Garcia. Dentro do capão tem os mesmo problemas que tem numa periferia, então a participação deles é como a de qualquer um. Eles fizeram uma assembleia ontem, se organizaram para vir aqui, aproximadamente 40 a 50 camponeses estiveram presentes na manifestação de hoje. Isso daí é um exemplo para as demais organizações, principalmente aquelas que dirigem sindicatos, como os professores, estudantes, técnicos administrativos, para que também movimentem suas bases e não deixem apenas os estudantes e os camponeses na frente dessa luta.” 

 

Balanço do ato

É unanimidade entre os manifestantes que o ato foi um sucesso. Zeném, secretário político do PCB, diz que o povo atropelou o pessimismo de algumas organizações e mostrou que está disposto a estar nas ruas para barrar as políticas do governo federal. 

Vania Helena, do SINTUFSCAR, aponta  que o ato de hoje foi melhor que o anterior: “e olha que tem pouco estudando na cidade, já que as universidades estão em home office. Se estivéssemos com as universidades em regime presencial, com certeza estaríamos com um número muito maior”.

Beatriz, militante do AFRONTE, vê o resultado como totalmente positivo: “foram atos muito próximos, né. Em um período de um mês e meio tivemos 3 atos. Normalmente vai se dispersando, as pessoas vão cansando, e a gente não vê isso nesses atos”.

 

Próximas mobilizações

Zeném aponta para a necessidade da luta não se resumir a protestos: “Não dá para ficarmos indo de um lado para o outro. Primeiro é necessário construir mobilizações na base, conversarmos nas categorias, puxarmos assembleias e conversas. Temos que conversar sobre a situação no nosso país, sobre o genocidio, desemprego e tudo que está rolando. É por isso que aprovamos um calendário com três datas. A primeira é hoje, dia 3. A segunda é a do dia 13 [ de julho], que começou sendo convocada pelos correios como um dia de mobilização contra a privatização, e acabou virando uma data nacional para sair às ruas para panfletar, mobilizar, e apontar para  a construção do dia 24 [de julho]. Portanto, dia 13 é em defesa dos correios, em defesa dos serviços públicos, contra as privatizações, contra a reforma administrativa, que atacam serviços públicos e seus trabalhadores, e também em defesa dos povos originários.” 

De acordo com o militante “O PCB já vem tentando construir esse dia de luta através do comitê e também para construir em outros espaços, puxando plenárias na UFSCAR, na USP e em locais de trabalho, para ser um dia de muita discussão e muita mobilização para apontar ao dia 24, que é o último dia de luta desse calendário mas é o início de mais um novo ciclo de mobilizações que temos que cumprir. É essa continuidade, alternando trabalho de base e discussão nos nossos locais de trabalho, que iremos conseguir derrotar essa política.”

Ariane, da Rede Emancipa de educação popular, afirma: “não pretendemos esperar até 2022 para que isso se resolva, então vamos às ruas a cada quinze dias se for o caso reivindicar a saída do Bolsonaro.”