Ato do dia da Mulher pede abertura do CRM e Palestina livre
12/03/2024No último sábado (09/03), manifestantes do Ato pelo Dia Internacional da Luta das Mulheres se concentraram em frente à Paróquia São Benedito por volta das 9h00. Os manifestantes caminharam até o Mercado Municipal, onde as organizações políticas e entidades participantes realizaram falas. As principais pautas levantadas pelas forças presentes, por meio das falas e dos panfletos distribuídos, foram a reabertura do Centro de Referência da Mulher de São Carlos (CRM), a legalização do aborto, o fim da jornada de trabalho 6×1, a redução da jornada de trabalho, o fim do genocídio das mulheres e crianças palestinas por parte de Israel.
O CRM, programa municipal fechado em 2016 pelo ex-prefeito Paulo Altomani, era voltado para o acolhimento de mulheres em vulnerabilidade social e vítimas de violência doméstica e de gênero. A reabertura do CRM é uma pauta recorrente das manifestações do 8 de Março na cidade há alguns anos. Uma emenda a lei orgânica do município foi aprovada em 2021 para destinar verbas para a reabertura do Centro. Entretanto, a gestão de Airton Garcia optou por não reabrir o espaço. A demanda pela abertura do CRM se tornou uma pauta recorrente nas manifestações do dia das mulheres.
Durante a marcha, os manifestantes também reivindicaram o “Fora Tarcísio e Airton Garcia”, sendo o Governador do Estado de São Paulo e o prefeito de São Carlos. Ambos são apontados pelos manifestantes como “inimigos das mulheres”. Nas falas realizadas no Mercado Municipal, também foi apontado o alto índice de violência contra as mulheres trans e travestis.
Em entrevista ao Tribuna São Carlense, Vivis, professora da rede estadual e militante do Partido Comunista Brasileiro – Reconstrução Revolucionária (PCB-RR), disse: “O 8M desse ano foi bem maior do que o do ano passado, então isso é um saldo político positivo que a gente tem, a gente espera que a cada ano a gente consiga aumentar de volume o ato”. Além disso, Vivis apontou que “o mote principal, que a gente chegou num acordo entre todas as organizações que estavam na mobilização, é a reabertura do CRM”, mas que para o PCB-RR a redução da jornada de trabalho sem redução salarial é fundamental para as mulheres da classe trabalhadora.
Para Isabella Fallaci e Beatriz Tavoni, do coletivo de Promotoras Legais Populares, “A motivação principal é pela luta dos nossos direitos. A gente reivindica contra a desestruturação e desorganização da nossa rede de atendimento à mulher. Então a gente busca a consolidação da mesma, pelo Centro de Referência da Mulher, pela reabertura do Centro de Referência da Mulher, que é um importante equipamento, onde ele reúne todos os dados necessários, todos os acolhimentos necessários para a mulher lidar com a violência.” Para as promotoras legais populares, a falta de encaminhamento adequado nos casos de violência contra a mulher aumentam as chances de fatalidade. Isabella e Beatriz reforçaram em sua fala o convite para as mulheres de São Carlos se organizarem na 8a Conferência Municipal pelos Direitos das Mulheres no dia 26 de março.
Juliana, militante do Movimento de Mulheres Olga Benário, da União Juventude e Rebelião, e coordenadora geral do DCE da UFSCar, descreveu as dificuldades vividas por mães que estudam e trabalham na UFSCar: “as estudantes que são mães hoje passam as maiores e inúmeras dificuldades, por falta de fraldário, por falta de vaga na creche. Isso nos campi que tem creche, porque muitos campi não têm creche”. Para Juliana, a motivação de ir para o ato é o fato de que “as mulheres são as mais atingidas nesse sistema que a gente vive” e também reivindicar “a prisão do Bolsonaro e os seus golpistas, que inclusive não foram vencidos nas urnas, mas estão aí cada dia nas ruas mostrando cada vez mais sua força”.
Fernanda Castellano Rodrigues, professora da UFSCar e presidenta da ADUFSCar, relatou ao Tribuna São Carlense que “a gente ainda tem uma participação muito restrita a mulheres e a mulheres que estão organizadas em entidades, em partidos, em coletivos” e que os atos de São Carlos “precisam cada vez mais contar com a participação masculina”. Fernanda também deixou um convite “para as pessoas apoiarem a causa feminista, mais do que a causa feminista, apoiarem as mulheres nas suas lutas cotidianas, no seu trabalho de cuidado e um chamamento especial para os nossos camaradas homens, para que eles entendam a luta das mulheres, a luta feminista, como uma luta necessária para a nossa sociedade.”