Entenda o genocídio cometido por israel na Palestina

Entenda o genocídio cometido por israel na Palestina

04/03/2024 Off Por Editorial Tribuna São Carlense

Desde o dia 7 de outubro de 2023, o povo palestino é consistentemente bombardeado e assassinado, resultando em mais de 30 mil mortos. Salvo raras exceções, os líderes do mundo se mantiveram calados sobre o genocídio cometido por israel no território ocupado da Palestina. No Brasil, o posicionamento da mídia hegemônica nunca mostrou a destruição da Palestina que ocorre há pelo menos 70 anos, se limitando a servir como uma extensão da máquina de propaganda israelense e estadunidense.

Entretanto, o tom do discurso da mídia tradicional brasileira começou a mudar a partir das declarações do presidente Lula sobre o genocídio, em que corretamente caracteriza o conflito como um genocídio e compara a ação com o holocausto, responsável pela morte de 6 milhões de judeus pelas mãos da Alemanha nazista. Após as declarações, a mídia brasileira prontamente demonstrou preocupação com o posicionamento de Lula, chegando a citar possível medo de bloqueio econômico por israel (responsável por 0.2% do comércio internacional do Brasil).

Origens da colonização na Palestina

O ódio contra judeus é extremamente presente ainda no mundo, mas era uma política de estado amplamente difundida principalmente na Europa no começo do século XX. Desde as primeiras décadas do século XX, a Palestina recebeu refugiados judeus fugidos das máculas do antissemitismo europeu, ao ponto de que no final da segunda guerra mundial os judeus já representavam 33% da população da Palestina. O território palestino passou por anexação por parte de dois impérios nesse momento: Primeiramente o Otomano, seguido do império Britânico.

O império britânico começou a sinalizar positivamente para a criação de um estado judeu na Palestina, culminando na declaração de Balfour, documento que oficializa o apoio britânico à criação de um estado sionista, exclusivamente judeu. Após o fim da segunda guerra mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) declara de forma unilateral e sem consulta ao povo palestino, o “Plano de partição da Palestina”. Mesmo com a população judaica representando apenas um terço da população total, essa partilha cedeu unilateralmente para o movimento sionista 56% do território da Palestina, com a maioria das terras férteis. Além disso, um terço dos vilarejos palestinos ficaram dentro das terras cedidas para o recém criado estado de israel, resultando em milhares de famílias perdendo suas terras do dia para a noite.

Diante da recusa dos palestinos em aceitar o plano, seguiu-se nos próximos meses o evento conhecido como Nakba, ou grande catástrofe, resultando em 20 mil mortos para os árabes e palestinos, e 6 mil mortos para israel. Desde então, israel tem seguido com campanhas de agressão ao povo palestino, em um genocídio que já dura 70 anos.

Mesmo as fronteiras definidas pela ONU em 1948 sendo altamente vantajosas para israel, isso não impediu que diversos territórios da Palestina fossem anexados à israel ao longo das décadas. Já durante a resistência palestina ao estabelecimento do estado de israel em 1948, grande parte do território palestino foi anexado para além do acordo da ONU com a anexação ilegal de territórios ao norte da Cisjordânia e ao sul da faixa de Gaza. Em 1967 ocorre a guerra dos seis dias, em que israel ataca Síria, Egito e Palestina, anexando as colinas de Golã na Síria e a maior parte da Cisjordânia, fragmentando ainda mais o território da Palestina.

A guerra unilateral e criminosa foi recebida com apoio militar e complacência pelos Estados Unidos. Apesar da guerra dos seis dias ter oficialmente terminado com um acordo de cessar-fogo, as agressões nunca pararam na realidade. Apenas entre os anos de 2008 e 2023, Israel promoveu o assassinato de 21.150 palestinos, e apenas 1.508 israelenses morreram no mesmo período

A resistência palestina

Ao longo dos anos, diversos grupos de resistência Palestina surgiram. Entre eles estão o Fatah, a Frente Popular de Libertação da Palestina, e, mais recentemente, o Hamas. As primeiras duas organizações fazem parte de uma ‘coligação’ político-militar conhecida como Organização para Libertação da Palestina (OLP), com reconhecimento internacional no estabelecimento de um estado palestino soberano e laico. Importante ressaltar que desde a fundação da OLP em 1964, até 1993, a organização foi considerada como ‘terrorista’ pelos Estados Unidos e israel, mesmo com reconhecimento internacional de mais de 100 países ao longo dos anos. O Fatah tinha uma tática ainda mais pacífica, aceitando a resolução da ONU para o estabelecimento de um estado israelense, apenas lutando pelo reconhecimento de um estado palestino.

Ambas as forças foram severamente massacradas ao longo dos anos, com um longo histórico de manifestações pacíficas sendo respondidas com tiros e bombardeios. Atualmente, o posicionamento oficial do estado de israel aponta que as medidas tomadas são necessárias para a erradicação do grupo militar islâmico Hamas. O grupo foi criado em 1987, o que deixa a dúvida: e todos os massacres anteriores ao ano de 1987?

Em uma reunião do partido de direita israelense Likud, o primeiro ministro de israel Benjamin Netanyahu disse que “Todos aqueles que se opõe ao estabelecimento de um estado palestino devem apoiar a transferência de fundos para o Hamas em Gaza, pois o fortalecimento do Hamas aumentará a distância entre Gaza e Cisjordânia, prevenindo o estabelecimento de um estado palestino”. Isso porque os dois territórios da Palestina que restaram são a Cisjordânia, ao lado do rio Jordão e no lado oriental do país, e Gaza, no extremo ocidental. Em 2006, em meio à uma eleição marcada por interferência israelense, o Hamas ganha as eleições em Gaza, mantendo o controle sobre o território até a atualidade. Na Cisjordânia, o controle permanece nas mãos do Fatah. O financiamento e interferência de israel nas eleições palestinas assegura a impossibilidade de unidade na Palestina, facilitando a continuidade do saqueamento e massacre do povo palestino.

30 mil palestinos mortos desde 2023

Na fase mais atual e aguda do massacre, desde o dia 7 de outubro de 2023 mais de 30 mil homens, mulheres e crianças palestinas foram assassinadas pelas forças de ocupação de israel. Para fins de comparação, em menos de um ano o número de mortes palestinas é maior do que o da guerra da Ucrânia, que começa em fevereiro de 2022. Por dia morrem em média 250 palestinos entre fome, bombardeio ou outras formas de punição coletiva impostas pelas forças de ocupação israelense.

Reforço, são mais de 30 mil. Entre alguns dos atos bárbaros cometidos pelas forças de ocupação de israel, estão o bombardeamento do complexo hospitalar de Shifa, o bombardeamento da universidade muçulmana e o bombardeamento dos pontos de evacuação, definidos por israel. A ONU segue impotente para resolver o conflito, com 3 votações no conselho de segurança por um cessar-fogo, tendo apenas o voto dos Estados Unidos como contrário.

As forças de ocupação israelenses também expandiram seus planos recentemente, bombardeando o Líbano e a Síria, na tentativa de escalar um conflito local. O Iêmen segue sendo bombardeado por uma coalizão militar entre Estados Unidos e Reino Unido, por conta do seu bloqueio naval em retaliação ao genocídio na Palestina, com um grande número de vítimas entre civis. Além do bombardeio a países do oriente médio, israel recentemente atacou um comboio humanitário que levava alimentos para Gaza, deixando 100 mortos e 700 feridos.

Para encobrir do mundo o que ocorre na Palestina, israel emprega uma poderosíssima máquina de propaganda chamada de Hasbara, hebreu para explicação, para inundar redes sociais de pontos de vista pró-israel. Também conta com inúmeros lobbies ao redor do mundo, como a AIPAC nos Estados Unidos, responsável por financiar candidaturas pró israel e silenciar opiniões pró Palestina. No Brasil, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) moveu 7 processos contra o jornalista e escritor Breno Altman na tentativa de silenciar sua cobertura do genocídio. A mídia hegemônica segue calada sobre o conflito.

É importante nomear corretamente os acontecimentos. O que Israel comete na Palestina é um genocídio. A ocupação israelense é caracterizada por diversos países como um estado de Apartheid, e as ações das forças de ocupação podem ser equiparadas com o Holocausto sofrido pelos judeus na primeira metade do século XX. Inocentes continuam sendo assassinados, e Netanyahu segue os passos de Adolf Hitler na erradicação do povo palestino.

Nota do autor: Não é um erro escrever israel com letras minúsculas. Não acreditamos na soberania, ou no direito de existência do estado de israel, não reconhecendo como um país verdadeiro.