Mais de meio século de agressões dos EUA contra Cuba
29/07/2021Por Emerson Leal
As agressões dos EUA contra Cuba começaram em 1961 com John Kennedy: em 15 de abril, aviões americanos pilotados por mercenários cubanos saíram da Nicarágua e bombardearam bases aéreas em três cidades, matando 7 pessoas e ferindo mais de 50, inclusive crianças. Dois dias depois, a invasão ocorreu através da Praia Girón (na Baía dos Porcos) com mais de 1.500 homens, tanques artilharia e 30 aviões americanos. O final dessa sordidez, 72 horas depois, todo mundo sabe: o imperialismo norte-americano sofreu sua primeira derrota na América Latina ao tentar derrubar Fidel Castro pela força das armas.
1. Essa foi uma derrota que os EUA nunca esqueceram e, muito menos, engoliram. Desde 1961 todos os presidentes norte-americanos vêm tentando asfixiar Cuba, só que de uma forma diferente mas tão covarde e cruel quanto a interferência militar: através de bloqueios econômicos e guerras psicológicas. Para isso, faz uso também de organismos internacionais como a ONU, a OEA e o Comitê Nobel. Os EUA, por terem a economia mais poderosa do mundo, têm um peso muito grande nas decisões de tais organismos, principalmente nas (decisões) políticas. O país usa a chantagem financeira para – por exemplo, no Comitê Nobel da Paz ou no de Literatura – fazer a balança das decisões penderem para candidatos de sua preferência político-ideológica.
2. Agora mesmo vimos o que ocorreu em Cuba na manifestação de 11 de julho passado, em que algumas centenas de pessoas saíram às ruas para protestar contra o governo cubano: a narrativa da mídia internacional, copiando os EUA (inclusive a revista Forbes), foi tendenciosa a ponto de uma figura política do peso da Michele Bachelet – Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU – ter embarcado numa canoa furada: ela foi às redes sociais para condenar o governo cubano usando a imagem forte de uma mulher que levantava a bandeira de Cuba com uma expressão de revolta no rosto. Só que essa imagem era a de uma jovem advogada cubana – Betty Pairol – que estava nas ruas de Havana apoiando a Revolução Cubana numa outra manifestação gigantesca de apoio ao governo de Días-Canel. Indignada, ela denunciou Michele Bachelet e a ONU por terem usado sua imagem de forma indevida e mentirosa.
3. O que impressiona, é que a conta de Betty Pairol foi suspensa pela internet logo depois. Como assim? Foi Bachelet que usou a imagem dela de forma tendenciosa para demonizar o governo de Cuba. Não seria mais justo que suspendesse a conta do Alto Comissariado da ONU? Não seria mais justo que Bachelet aproveitasse o episódio das manifestações para pressionar os EUA e exigir o fim do bloqueio criminoso de mais de meio século contra Cuba? Pois é, o poder do Tio Sam é tão grande, que até uma figura de peso como ela se esmaga politicamente e faz o jogo do capitalismo gângster.
4. O bombardeio político contra Cuba é tão violento, que no mesmo dia circulava pelas redes sociais do mundo uma imagem de uma grande manifestação supostamente contra o governo cubano “en el malecón de La Habana”. Logo depois descobriu-se que se tratava de uma marcha grandiosa de protesto no Cairo em tempos da “revolução laranja”, 10 anos atrás! Em Paris, neste histórico dia 26 de julho, os EUA patrocinaram mercenários para lançar coquetéis molotov contra a embaixada cubana. Biden, como se vê, é igualzinho a todos os outros presidentes!
5. Moral da história: as redes sociais foram transformadas em “ferramentas de desinformação e de desestabilização política” pelas forças do atraso e da reação. Os EUA são os maiores responsáveis pela destruição de um espaço que poderia ser usado democraticamente para debates legítimos de interesse geral no mundo todo; mas usam-no para chantagear e aumentar o poder político das potências centrais imperialistas.
Emerson Leal foi vereador e vice prefeito de São Carlos nas administrações de Newton Lima e Oswaldo Barba. É colunista do Tribuna São Carlense.