“Acampamento 3 de janeiro” promove campanha de solidariedade

“Acampamento 3 de janeiro” promove campanha de solidariedade

11/08/2021 Off Por admintribuna
Acampadas e acampados do 3 de janeiro, localizado em região periférica da cidade de São Carlos (SP), enfrentam diversas dificuldades, agravadas no contexto da pandemia. Para seguir na luta pela terra e garantir seu sustento, as famílias estão organizando campanhas para arrecadação de alimentos e agasalhos.

O “Acampamento 3 de janeiro” é uma ocupação, localizada em região periférica da cidade de São Carlos (SP), onde atualmente moram cerca de 40 famílias. Segundo Juliana, acampada no local, a luta das famílias segue organizada há aproximadamente 10 anos.  A ocupação surgiu dentro do Capão das Antas, mas após uma liminar de reintegração de posse, alojaram-se provisoriamente em uma área comunitária do assentamento Nova São Carlos, que foi cedida pelas famílias assentadas, situação que segue a mesma até hoje. 

A situação das famílias acampadas 

Ainda de acordo com Juliana, a concessão de terras e regularização da situação das famílias acampadas está sob responsabilidade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). No entanto, apesar do longo período de lutas para garantir terras regularizadas, a instituição não propôs encaminhamentos nem ofereceu apoio à ocupação. Além disso, nenhum outro órgão federal, estadual ou municipal  promove ações que auxiliem a permanência e subsistência das acampadas e acampados. 

Sem recursos para que possam plantar para consumo próprio ou para geração de renda, muitas  famílias precisam trabalhar na cidade. Com a pandemia do novo coronavírus, a alta taxa de desemprego enfrentada nacionalmente também se refletiu no Acampamento 3 de Janeiro. Neste cenário, muitas destas famílias estiveram, de diversas formas, na linha de frente da contaminação do coronavírus. Isso porque, em sua maioria são compostas por trabalhadoras e trabalhadores autônomos, sem nenhuma garantia trabalhista. 

“A situação da pandemia veio e agravou muito. Inclusive dentro da minha casa, porque como não tem creche funcionando, fica difícil sair para trabalhar, porque eu não tenho com quem deixar as crianças. Fica difícil mesmo, só quem mora aqui entende o que eu tô falando”

Juliana, acampada do 3 de janeiro, em vídeo publicado na rede social do movimento.
Lote no “Acampamento 3 de janeiro” (Foto: Marcelo Innocentini Hayashi)

Campanha de arrecadação de alimentos e agasalhos 

Diante da ausência de ações do Estado, é a partir da organização, luta e solidariedade do povo são-carlense e dos próprios acampados e acampadas que as famílias do 3 de janeiro têm conseguido enfrentar este momento de  crise econômica e sanitária pelo qual estamos passando. 

Distribuição de agasalhos e mantimentos arrecadados no “Acampamento 3 de Janeriro” (Foto: Marcelo Innocentini Hayashi)

“A gente não recebe assistência de ninguém, nem de prefeitura, nem de governo estadual, nem do governo federal. A gente aqui se movimenta por contra própria”

Juliana, acampada do 3 de janeiro, em vídeo publicado na rede social do movimento.

Buscando garantir apoio emergencial às famílias, trabalhadores e estudantes se mobilizaram junto com o acampamento para a organizarem campanhas de arrecadação de agasalhos, cobertores e também de alimentos. De acordo com as redes sociais do 3 de janeiro, a iniciativa já conseguiu atender a diversas famílias, mas outras ainda seguem desassistidas. As doações podem ser feitas em pontos de coleta, localizados nos bairros Boa Vista 1, Vila Nery, Parque Arnold Schimidt e no próprio acampamento. Para receber o endereço de cada ponto, entre em contato com a página do Instagram do “Acampamento 3 de janeiro”, ou pelo Facebook da iniciativa

Como incentivo para as arrecadações,  doações em dinheiro a partir de R$5,00 reais realizadas até dia 26 de agosto podem concorrer a um kit de produtos de cuidados pessoais. Para participar é necessário seguir algumas instruções, disponíveis aqui

Vale reforçar que o apoio das campanhas de solidariedade é uma ajuda emergencial, como explica a Juliana:

“Pessoal vem, visita tudo, vem dá uma ajuda, mas é só um auxílio. A gente quer trabalhar, a gente quer ganhar a terra da gente. A gente quer resolver o problema.”

Para isto, os acampados e acampadas do 3 de janeiro seguem na luta por seus direitos à moradia, alimentação, trabalho e renda. Acompanhe mais informações sobre as campanhas de arrecadação e as lutas do “Acampamento 3 de janeiro”, siga as páginas do movimento social no Facebook e Instagram