Estudantes deliberam paralisação em assembleia extraordinária da USP São Carlos
13/10/2023Decisão ocorreu coletivamente em assembleia na terça-feira (10/10) à noite para reivindicar melhorias na universidade e nas condições de vida dos estudantes.
Os estudantes da USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos decidiram paralisar suas atividades. A decisão ocorreu em assembleia na noite desta terça-feira (10/10), com indicativo de outra assembleia na semana seguinte para deliberar sobre uma possível greve estudantil. O objetivo dos estudantes é barrar a precarização dos serviços na universidade pública e melhorar as condições de vida dos universitários. Para isso, eles reivindicam contratação de professores efetivos, extensão do horário de atendimento do restaurante universitário para os finais de semana e feriados, consertos na infraestrutura do alojamento e expansão dos programas de permanência estudantil.
Matheus “Açaí”, vice-diretor para assuntos educacionais do Centro Acadêmico Armando Salles de Oliveira (CAASO), afirma que a paralisação resulta de anos de soluções fracassadas que vieram da Prefeitura do Campus. Segundo “Açaí”, a comunidade universitária da USP demanda fornecimento de jantar no restaurante universitário do Campus 2, que hoje conta apenas com almoço. No campus 1, onde fica o alojamento, a demanda é para fornecimento de café, almoço e jantar, inclusive aos fins de semana e feriados. O não atendimento das demandas prejudica especialmente estudantes em condição socioeconômica mais vulnerável. Muitos alunos residentes no Campus 1 dependem das refeições do restaurante para sobreviver. Por isso eles passam por vulnerabilidade nesses momentos em que o restaurante não funciona, principalmente durante feriados prolongados.
Os estudantes também reivindicam consertos na infraestrutura do alojamento estudantil. Durante a assembleia da terça-feira eles relataram problemas de vazamento de água pelos tetos das moradias, infestação de insetos, alagamentos nos corredores e encanamentos entupidos. Além disso, a comunidade estudantil também demanda melhorias na permanência estudantil da universidade através da contratação de profissionais de saúde mental como psicólogos e psiquiatras – já que a incidência de episódios de depressão e ansiedade é maior em estudantes de menor renda – expansão dos programas de assistência financeira a alunos que não tem condições de se manterem na universidade com recursos próprios. Outra pauta de demanda é a abertura de concursos para novos professores efetivos para atender com qualidade todos os discentes.
Segundo Açaí, o orçamento da USP tem plenas condições de atender todas as demandas estudantis e a luta dos estudantes visa eliminar as características historicamente elitistas da Universidade de São Paulo e construir de maneira efetiva uma universidade popular, abarcando todas as necessidades da classe trabalhadora, ao formar profissionais com pensamento crítico e que sejam capazes de atuar tanto na indústria quanto na pesquisa, em conjunto à população.