Associações de pós-graduandos da USP manifestam-se contra o retorno das atividades presenciais

Associações de pós-graduandos da USP manifestam-se contra o retorno das atividades presenciais

24/08/2021 Off Por admintribuna

A reitoria da Universidade de São Paulo (USP) determinou, através da portaria GR nº7670 de 12 de agosto de 2021, que docentes e servidores técnicos e administrativos já imunizados contra o coronavírus deverão voltar ao trabalho presencial no próximo dia 23 de agosto. Além disso, fica determinado o retorno das aulas presenciais a partir do dia 4 de outubro para todos os alunos que estejam completamente imunizados.

A decisão ocorre em um momento onde a variante Delta do coronavírus, mutação ainda mais contagiosa, alastra-se por todo o território brasileiro. Neste cenário, apenas 32% da população paulista está completamente imunizada e a média móvel de mortos diários no Brasil segue acima dos 800.

Neste cenário, as associações dos pós-graduandos da USP nos campi São Carlos,São Paulo Capital, Ribeirão Preto e ESALQ lançaram uma carta conjunta manifestando-se contra o retorno das atividades presenciais. Leia abaixo, na íntegra, a carta.

Associações de Pós-Graduandos(as) da Universidade de São Paulo

15 de agosto de 2021

Sobre o retorno das atividades presenciais na Universidade de São Paulo
PORTARIA GR No 7670, DE 12 DE AGOSTO DE 2021

Inicialmente é relevante destacar que, para a pós-graduação, a pandemia vem sendo um período de extrema dificuldade já que a busca da conciliação entre prazos, gestão de bolsas (quando há), excelência na pesquisa e equilíbrio da saúde mental ainda é um desafio. Diversos fatores corroboraram para o agravamento desta situação. Casos de pressões para a continuidade das atividades presenciais, home office em ambientes de pesquisa não favoráveis, prorrogação insuficiente de bolsas em meio a cortes e falta de investimento do governo nas agências de fomento, até o medo e angústia devido aos perigos envolvidos nos casos das pesquisas que se mantiveram presenciais mesmo com altos índices de contágio e mortes por COVID-19. Ressaltamos que o imprudente slogan “a USP não pode parar” foi um equívoco e que a pós-graduação foi um dos setores que mais sofreu com isso.

Nos solidarizamos com funcionários(as), com destaque os(as) terceirizados(as), com docentes e com a graduação que também sofreram e sofrem pressões para retomar suas atividades presenciais em um momento em que as inseguranças ainda estão em alta. Situação fortemente agravada com a divulgação, pela reitoria, da PORTARIA GR No 7670, DE 12 DE AGOSTO DE 2021. Sabemos que todos(as) estão ansiosos(as) com as perspectivas de “normalização” da vida, dadas as dificuldades anteriormente mencionadas, mas não podemos nos precipitar. Palavras da reitoria, como a “A USP precisa dar o exemplo”, não podem ser parâmetros para ditar um retorno. Ainda mais feito sem nenhum diálogo com a comunidade uspiana, sem constar as demandas já apresentadas por parte dos(as) docentes, dos(as) funcionários(as) e discentes da graduação e da pós-graduação da universidade.

O exemplo que a USP precisa dar é: aguardar o momento correto para propor sua normalização, com um planejamento envolvendo todos os setores da universidade, e não ceder a pressões políticas externas para tal fim. Compreendemos que a vacinação analisada individualmente não é fator suficiente para a promoção do retorno das atividades, deve-se buscar parâmetros mais amplos e completos para subsidiar tais decisões. Sem contar com a insegurança das novas variantes. Veja também o posicionamento de outras entidades da USP nesse sentido (Adusp, Sintusp e DCE Livre da USP).

Nesse contexto, as Associações de Pós-graduandos(as) da USP solicitam que seja revista a decisão de um retorno presencial em massa previsto para esse semestre (o que abrange docentes, funcionários(as), discentes da graduação e pós-graduação). É necessário que o planejamento para o retorno seja devidamente debatido perante todos os setores da universidade, visando uma maior segurança de que as nossas demandas sejam ouvidas e que as medidas de biossegurança sejam realmente colocadas em prática. As entidades representativas da USP já elaboraram um documento base para nortear o retorno das atividades presenciais, denominado Plano Sanitário e Educacional.

Por fim, gostaríamos de salientar que o momento é propício para surgirem soluções alternativas de precarização do ensino/pesquisa, com tentativas de implementá-las sem o devido debate com a comunidade acadêmica. Propostas de Ensino Híbrido e Ensino à Distância (EaD) vêm surgindo nos quatro cantos da universidade. Observamos que estão sendo implantados modelos que, ao não serem devidamente debatidos com as comunidades afetadas, tanto da graduação quanto da pós-graduação, podem gerar perda de qualidade e sucateamento dos espaços de ensino e formação.

Agradecemos a atenção e reiteramos a importância do cuidado com a vida,
Associações de Pós-Graduandos(as)
Universidade de São Paulo

Associação de Pós-Graduandos USP São Carlos

Associação de Pós-Graduandos USP Capital – Helenira Preta Rezende

Associação de Pós-Graduandos USP Ribeirão Preto

Associação de Pós-Graduandos ESALQ USP