Veja as propostas para a mobilidade urbana dos candidatos à prefeitura de São Carlos!
14/11/2020Seguindo nossa apresentação e análise dos planos de governo dos candidatos à prefeitura de São Carlos, aqui pensaremos especificamente sobre mobilidade urbana.
Para analisar as propostas dos candidatos, teremos como base a carta elaborada pela Câmara Temática de Mobilidade Urbana do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano (COMDUSC) e a Associação São-Carlense de Ciclismo (ASC). Na última terça-feira (10), em reunião virtual pela página Mobiliza Sanca, a carta foi apresentada pelos movimentos sociais para os candidatos. No entanto, apenas as candidaturas do PT e PSOL estiveram presente (apesar de todos terem sido convidados) e ratificaram o compromisso com as demandas.
Dentre as demandas expressas na carta, temos a criação de um conselho municipal de mobilidade urbana que permitiria uma construção democrática do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável a partir da participação popular; a requalificação de calçadas; implantação de um plano cicloviário; integração da bicicleta ao transporte público; implantação de um fundo de transportes; promoção da transparência do sistema de transporte público; e a geração e organização de dados sobre mobilidade urbana no município.
Airton Garcia (PSL)
O atual prefeito e candidato à reeleição, Airton Garcia, apenas menciona em seu plano de governo que a melhoria do transporte público é necessária, mas não apresenta nenhuma proposta ou análise mais profunda sobre o tema.
É estarrecedor que Airton não escreva sobre um tema que tanto impacta na vida do trabalhador são carlense. No entanto, isto não deveria ser uma surpresa, uma vez que nada foi feito para a melhora da mobilidade urbana na cidade em seu mandato, no qual tivemos, por exemplo, uma empresa de ônibus operando sem licitação.
Erick Silva (PT)
Erick afirma que terá como uma de suas ações prioritárias a articulação das necessidades da mobilidade urbana dentro do processo de planejamento urbano. Para o candidato, é preciso que a prefeitura não foque apenas em atender às necessidades de carros, mas também em tornar o trânsito mais seguro para pedestres e ciclistas. Nesse sentido, defende uma parceria com as universidades de São Carlos para desenvolver um estudo sobre os locais mais estratégicos para a implantação de ciclovias na cidade.
Para o transporte público, o candidato petista enfatiza a necessidade de conhecer as demandas de origem e destino dos usuários, uma vez que a última pesquisa desse tipo foi feita em 2007. Após ter tais demandas em mãos, o candidato afirma que irá realizar uma nova licitação para o transporte público que seja eficiente. No entanto, o plano de governo de Erick Silva é bastante resumido e não detalha outras ações.
Apesar disso, a candidata a vice-prefeita na chapa de Erick, Rose Mendes (que foi vice-prefeita de São Carlos no mandato de Newton Lima), ratificou compromisso com o conteúdo da carta em reunião com os movimentos sociais.
Júlio César (PL)
Júlio César promete priorizar o pedestre, o ciclista e o transporte público. Para tal, construirá novos terminais de integração e paradas seguras inteligentes (com câmeras e informações) e investirá em uma rede de ciclovias integradas aos modais da cidade, com implementação de bicicletários em pontos estratégicos da cidade. Por fim, o candidato afirma que irá disponibilizar um aplicativo com informações e que permita interações dos usuários com o Sistema de Transporte Público.
Júlio César não compareceu à reunião com os movimentos sociais, apesar de ter confirmado presença.
Leandro Guerreiro (Patriota)
Leandro Guerreiro pretende readequar a rede de transportes para ganho de eficiência. Seu plano de governo também prevê a implantação de semáforos mais inteligentes e o estímulo a empresas para adotarem horários de trabalho flexíveis, ou até mesmo home office, a fim de reduzir os congestionamentos em horário de pico. Além disso, pauta a melhora nas ciclovias municipais e a inclusão da caminhada como um dos modais pertencentes ao Sistema de Transporte. Por fim, o candidato pauta o estímulo do desenvolvimento econômico nos bairros periféricos como uma saída para reduzir o fluxo de pessoas indo trabalhar no centro da cidade.
Ronaldo Mota (PSOL)
Ronaldo afirma que promoverá o incentivo a outros modais de transporte com a construção de ciclovias e calçadões.
No que tange ao transporte público, o candidato do PSOL propõe uma transição gradual de modelos de transporte. No novo modelo, a prefeitura administrará a receita das tarifas em um fundo municipal, repassando um valor fixo pela prestação do serviços à empresa de ônibus, garantindo transparência e controle social. Em seguida, propõe também a diminuição gradativa do valor da passagem de ônibus, com horizonte de Tarifa Zero. A partir de então, criará uma empresa pública de Serviço Municipal de Transporte Coletivo. Para tal, Ronaldo pauta a reestruturação do Conselho Municipal de Usuários de Transporte Público a fim de oferecer maior participação popular nesse processo, além do acompanhamento da qualidade do serviço prestado.
Além disso, a curto prazo, o candidato firma a exigência de renovação da frota de ônibus e ampliação de linhas e horários, além da extinção da dupla-função de cobrador-motorista.
Ronaldo Mota estava presente na reunião com os movimentos sociais e ratificou seu compromisso com o conteúdo da carta, incluindo vários dos pontos em seu plano de governo.
Alguns candidatos acertadamente levantaram a questão de que é preciso investir em modais alternativos, como o ciclístico. Nossa cidade possui pouquíssimas ciclovias e ciclofaixas, deixando o trânsito bastante perigoso para quem utiliza essa forma de locomoção. Incentivar o uso das bicicletas é uma forma inteligente e sustentável de desafogar o trânsito.
A descentralização de empregos e serviços é uma questão que deve ser encarada como fundamental para sanar os problemas em mobilidade urbana. Se posta em prática, tal descentralização fará com que o trabalhador precise se locomover menores distâncias até o trabalho, economizando tempo e dinheiro, obtendo uma melhora na sua qualidade de vida. Com o menor fluxo da periferia para o centro da cidade, teremos uma diminuição nos engarrafamentos e na emissão de poluentes.
Nossa cidade já enfrenta há seis anos um caos no transporte público, com empresas rodando na cidade sem licitação e deixando um péssimo serviço ao trabalhador. É preciso que a população tenha poder de decisão sobre o assunto! Nesse sentido, a criação de uma empresa estatal de transportes que tenha controle social é uma saída bastante interessante para sanar esse problema que a iniciativa privada não foi capaz de sanar. Uma iniciativa parecida ocorre em Maricá, no interior do Rio de Janeiro, onde os ônibus são gratuitos e realizaram uma melhora significativa na mobilidade urbana na cidade.
O valor pago pelo sãocarlense no transporte público também é abusivo, principalmente quando se leva em conta as condições no qual ele se encontra. Os aumentos na passagem ocorrem continuamente sem o menor diálogo com a população, que se vê obrigada a pagar o valor e sente o impacto no orçamento familiar ao final do mês. É imperativa a necessidade da redução do valor da passagem de ônibus e a luta pelo transporte público gratuito.
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