Coletivo ambientalista se posiciona contra candidaturas à prefeitura de São Carlos

Coletivo ambientalista se posiciona contra candidaturas à prefeitura de São Carlos

14/11/2020 Off Por Editorial Tribuna São Carlense

O Coletivo Ambientalista Comunista (CAC) de São Carlos divulgou uma carta denunciando candidaturas que não estão comprometidos com a causa ambiental. O texto aborda, entre outros temas, o problema histórico das enchentes na cidade que ano após ano assola nosso povo. Segue a nota na íntegra.


Análise das propostas de governo para a prefeitura de São Carlos 

Coletivo Ambientalista Comunista 

Fizemos uma análise dos programas de governo e, mais focadamente, das propostas ambientais,agrárias e de planejamento urbano, dos três principais candidatos em São Carlos: Ailton Garcia(PSL), Júlio César (PL) e Leandro Guerreiro (Patriota).

Dos candidatos analisados, todas as pautas são bastante genéricas com um fim claramente eleitoreiro. Estamos numa atual crise climática e ambiental de precedências nunca antes vistas. Se a alguns anos atrás podíamos dizer “vamos cuidar do meio ambiente, para garantir nosso futuro”, hoje isso não é mais verdade. Nosso futuro e nosso presente já estão comprometidos. Já vivenciamos as consequências danosas da catástrofe ambiental. A pandemia que se potencializa no governo neoliberal, que agrava a crise social e econômica, tem profundas e inalienáveis causas na destruição ambiental, principalmente em virtude da expansão do agronegócio.Como ambientalistas comunistas, não podemos aceitar propostas de governo, a nível municipal,estadual ou federal, que não coloquem como prioridade e direcionando todos os recursos disponíveis para a defesa do meio ambiente e das populações marginalizadas, especialmente as populações do campo, ribeirinhos, quilombolas e indígenas, os maiores defensores das nossas florestas. 

Destacamos em São Carlos, por se tratar de um município inserido em uma ampla rede hídrica e recorrentemente atingido por enchentes em períodos chuvosos, a necessidade de um projeto que se proponha a opor-se à lógica de impermeabilização dos corpos hídricos e suas áreas de várzea. Tais obras podem aparentar uma solução, mas atuam aumentando a velocidade de escoamento das águas e transferindo o problema das enchentes para outras regiões. Ademais, projetos que visam distanciar os rios do cotidiano nas cidades, contribuem para a alienação do ser humano em relação à natureza e afastam seu entendimento enquanto parte dela. 

Obras como canalização de rios e piscinões subterrâneos são um exemplo dessa alienação e, além disso, podem não trazer ganhos de sociabilidade e conforto térmico à população. Sob a praça em frente ao Mercado Municipal, por exemplo, onde o Córrego do Gregório e outros pequenos afluentes deságuam em um piscinão, o problema das enchentes não foi sanado e trata-se de uma região muito abafada em dias ensolarados. Essa situação poderia ser amenizada se essa região fosse mais arborizada ou recuperasse suas matas ciliares. 

Para um projeto verdadeiramente popular, pautado no povo, no meio ambiente, e principalmente nas populações mais vulneráveis, repudiamos completamente [discordamos das pautas genéricas e liberais dos três candidatos analisados]. Airton Garcia, atual prefeito, tem um histórico em representar os interesses do empresariado e principalmente do mercado imobiliário. Júlio César, assim como Leandro do Amaral, possuem tempo de experiência em cargos públicos eletivos na Câmara Municipal e nunca criticaram o prefeito por construir obras que impermeabilizaram o solo e também nunca criaram projetos eficientes para o meio ambiente. Airton Garcia representa os interesses das imobiliárias, Júlio César os dos ruralistas e Leandro Guerreiro se declara abertamente como seguidor de Bolsonaro. Nesse viés, é extremamente contraditório pautar qualquer pauta de direitos humanos e ambientais mínimos se baseando em um presidente fascista, genocida e ecocida, um crápula que deve ser atirado na lata de lixo da história.


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