Declarações na íntegra – 19J

21/03/2021 Off Por admintribuna

Victoria, 19 anos, estudante UFSCar, Afronte

Quais as pautas da mobilização de hoje?
R: Hoje estamos na rua por vacina no braço, comida no prato, contra os cortes da educação e no SUS, contra o genocídio da população negra e contra a política genocida do Bolsonaro. 


Como está a organização das entidades aqui presentes para evitar aglomerações, para que seja um ato seguro pras pessoas?

R: A gente se organizou bem antes e estamos com uma comissão aqui dentro mesmo, junto com as outras entidades, para garantir a segurança dos militantes e de quem for colar. Estamos fazendo a distribuição de álcool em gel, máscaras pff2 ou n95 e também garantindo o distanciamento social. Separamos as pessoas em filas para garantir esse distanciamento.


Vania Helena Gonçalves,  56 anos, Coordenadora geral do SINTUFSCar

Quais as pautas da mobilização de hoje?
R: Hoje, dia 19 de junho, estamos na rua seguindo o calendário de lutas organizado nacionalmente por centrais sindicais, associações e movimentos através de uma plenária bem representativa , com todos os movimentos e que contou com mais de 800 pessoas. As pautas continuam sendo vacina para todas e todos já, auxílio emergencial de no mínimo 600,00 reais para que o trabalhador possa ficar em casa e cumprir o distanciamento social sem morrer de fome, sem ter que decidir entre morrer de fome ou morrer de corona vírus, e , é claro, o Fora Bolsonaro, que é o mote que organiza geral. Usamos o slogan “Vacina no braço, comida no prato”. Temos mais de 450 atos que já foram confirmados no país inteiro, então esperamos que hoje seja maior que o ato do dia 29 de maio.


Como está a organização das entidades aqui presentes para evitar aglomerações, para que seja um ato seguro pras pessoas?

R: Compramos as máscaras que são mais seguras, as pff2, e pretendemos não aglomerar. Sabemos que a coisa foge do controle às vezes, mas iremos manter todo mundo de máscara, compramos máscaras e álcool gel para doar. Além disso, o Sintufscar, em parceria com o DCE, APG, ADUFscar e a APEOESP, está com uma barraquinha de arrecadação de alimentos e roupas de frio para doar, porque tem muita gente passando fome. Temos mantido uma arrecadação da nossa categoria, e expandindo nos atos para que as pessoas possam fazer sua contribuição. Temos distribuído no Antenor, numa ocupação que tem lá em que as pessoas estão bem vulneráveis.

Você pode fazer um balanço político por parte do Sintufscar?
R: Avaliamos o ato de forma muito positiva, tinha bastante gente, no começo achamos que estava mais fraco que o ato anterior, mas as pessoas e as organizações estavam separadas, e quando juntou percebemos que deu um ato muito bom. Nós marcamos o dia com nossas faixas, nossas palavras de ordem, e foi mais um dia na construção do Fora Bolsonaro, e não será o último. Iremos trabalhar para que o próximo seja melhor ainda. 

 

Zenem, educador popular, PCB São Carlos

 

Qual foi o objetivo dessa manifestação?

R: Acho que o primeiro objetivo é conseguir transformar essa indignação, essa revolta que está surgindo entre os trabalhadores e os estudantes brasileiros em força nas ruas, em demonstração de força. Com o aumento do desemprego, com o aumento do preço dos alimentos, do gás, da conta de energia, com a informalidade, com esses ataques, com a cada dia que passa, 2 mil brasileiros morrendo — estamos atingindo a casa das 500 mil mortes —. Com esse cenário catastrófico está cada vez maior a rejeição a esses governantes e está cada vez maior a rejeição a esse sistema baseado na exploração. Então o nosso objetivo foi conseguir transformar essa indignação que está surgindo em força nas ruas. Vamos juntar todo mundo, com distanciamento, sem aglomerar, mas colocar o povo nas ruas, vamos com tudo pressionar os governantes, mostrar que a gente não quer essa política de morte, de destruição, de genocídio. 

 

Enquanto organização, como estão lidando com a questão da pandemia, como manter a segurança de todo mundo no ato?

R: Querendo ou não a gente pensou coisas enquanto organização, acabamos também levando outras pessoas do ato pra ajudar todo mundo a se organizar. Acho que a primeira coisa é que não estamos mais nos encontrando enquanto militantes, por conta do perigo de contaminação do vírus. Então buscamos nos concentrar em menores grupos, sempre com distanciamento. Aqui pro ato nós organizamos pra cada um vir com as pessoas da sua casa, evitar contato, orientamos evitar toques, todo mundo de máscara pff2 (que são as máscaras mais seguras). Além disso, tivemos militantes distribuindo máscaras, que passavam com álcool em gel e spray de álcool para garantir a higienização das mãos. Fizemos isso não apenas com os militantes, mas com todas as pessoas que estavam em volta. Uma das principais orientações foi formar colunas com espaço, com distanciamento, de forma organizada, para garantir uma boa prevenção.

 

Você consegue já nos dar sua visão de saldo político desse ato de hoje?

R: É um saldo político muito positivo. O primeiro ponto é que, diferente do dia 29 de maio, hoje no dia 19 de junho o ato foi construído com mais unidade. Entidades e forças que antes não estavam tão firmes na luta dessa vez construíram. Ainda surgiu um pessimismo, mas ele foi ultrapassado pela mobilização do povo. Nós vimos uma manifestação que, se não foi maior, foi muito semelhante à do dia 29 de maio. Então foi uma grande manifestação, eu diria que ultrapassamos a casa das mil pessoas na cidade de São Carlos. Então para esse cenário de pandemia, em que os estudantes não estão aqui presentes e algumas categorias não estão mobilizadas, nós conseguimos colocar um grande contingente de trabalhadores e estudantes na rua. Foi um ato muito positivo, com reivindicações muito justas, muito certeiras, e é uma demonstração de força. Não acabamos aqui, mas é um movimento certeiro porque é um primeiro passo para uma luta maior que a gente tem que construir para barrar essa política que só serve aos interesses dos mais ricos, dos latifundiários, dos banqueiros, dos grandes empresários, e construir uma outra política, voltada para os interesses do povo, onde o povo organizado e com poder toma as decisões.

 

Juan,  30, PSTU

 

Gostaríamos de saber quais são as pautas da mobilização de hoje e como a sua entidade está construindo o ato

R: A pauta hoje é primeiramente de denunciar o desgaste dos governos, começando pelo governo genocida do Bolsonaro, mas também das prefeituras, das medidas tanto municipais quanto estaduais da abertura das escolas, sendo que estamos sem vacina ainda para a comunidade. Então a gente tem quatro pautas fundamentais: o não retorno às aulas presenciais, vacina para todos, o fora Bolsonaro e Mourão, e o aumento e manutenção do auxílio emergencial. Esse movimento está sendo organizado por mais de 20 organizações. A ideia é que a gente está juntando a juventude com disposição de luta, os trabalhadores do campo e da cidade com disposição de luta para impulsionar uma greve geral, principalmente na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que está sofrendo com os cortes anunciados em 22 de abril de 2021 e as entidades que representam a comunidade que até o momento não haviam se mexido. Esses espaços são muito importantes para disputar a política e a consciência das pessoas que estão aqui.

 

Qual é seu comentário sobre as medidas de segurança que as entidades que estão organizando o ato tomaram para proteger todo mundo que veio participar?

R: As medidas de segurança ainda estão muito aquém do necessário. Nós estamos garantindo o mínimo, que são as máscaras, o álcool em gel, pedindo distanciamento, mas ainda falta avançar muito para que a gente consiga organizar colunas e fileiras. Isso só com o tempo e com experiência nós vamos aprendendo as nossas fraquezas.


Maíra, 30 anos, Coordenadora geral da
APG UFSCar

Quais as pautas da mobilização de hoje?
R: O entendimento que temos hoje é que o presidente é pior que o vírus, infelizmente a gente tem que vir pra rua, porque já são mais de 100 pedidos de impeachment protocolados mas nada disso tá sendo movimentado. Cada dia que passa vemos mais negacionismo científico, uma movimentação bastante forte do governo federal pelo avanço do vírus. A gente não aguenta mais ficar em casa, não aguenta mais lidar com esses ataques. Os estudantes estão com cada vez menos bolsas, institutos de pesquisa com cada vez menos fundos, pessoas tendo que abandonar pesquisas importantíssimas para nossa sociedade, para o desenvolvimento da nossa sociedade. Vemos a educação sendo cada vez mais ridicularizada, os professores sendo tratados com muito desrespeito. Tem muita gente morrendo, passando fome, e a APG entende que temos a função social de defender os interesses e direitos dos estudantes e também estamos aqui enquanto parte da sociedade. Não podemos mais ficar quietos, precisamos sair para cá (as ruas). Então estamos aqui por
vacina, pela educação, pela ciência, pela saúde, pelos nossos direitos fundamentais e por respeito.


Como está a organização das entidades aqui presentes para evitar aglomerações, para que seja um ato seguro pras pessoas?

R: Nós percebemos que, já no ato passado, todas as pessoas estavam ou com máscara dupla, ou com pff2, e que estamos vendo no ato de hoje também. São pessoas se movimentando, então tem momentos que elas chegam mais próximas umas das outras, mas vemos que todos estão tomando um cuidado especial para tentar manter o distanciamento, tanto na concentração quanto na saída. Quem está aqui são pessoas conscientes, ninguém que está aqui queria estar aqui, são pessoas que estão a muito tempo, dentro das suas possibilidades, se resguardando. Tenho bastante confiança que esse é um ato seguro.