CPFL corta eletricidade do Acampamento 3 de Janeiro
26/08/2022Na última terça-feira (23) a CPFL, escoltada pela Polícia Militar, desligou a eletricidade no Acampamento 3 de Janeiro. Na quarta-feira (24), acampados da ocupação realizaram reunião com a CPFL na Câmara Municipal por direitos básicos.
Nesta terça-feira (23/08), a CPFL Energia interrompeu o fornecimento de energia elétrica de mais de 50 famílias no Acampamento 3 de Janeiro, localizado na rodovia Domingos Innocentini (estrada do Broa). De acordo com Juliana, de 36 anos, acampada da ocupação, o carro da empresa chegou escoltado por 3 viaturas da PM e sem aviso prévio.
A justificativa para o corte, segundo a empresa responsável, é de que as ligações elétricas estavam fora do padrão por conta da irregularidade dos lotes. Como Juliana explica, tal situação se deve à falta de ação do poder público: “a rede da CPFL existe lá, digamos que tem cerca de 9 a 10 anos. Nunca houve isso. Nunca houve, nunca foram, nunca questionaram. Pelo contrário, sempre corremos atrás pra (sic) regularizar, pra fazer tudo certinho, nunca tivemos retorno. E simplesmente ontem eles aparecerem e resolveram fazer esses cortes.”
Uma vez que a prefeitura não cumpriu seu papel, quem pagou o preço foi a população do 3 de Janeiro. Juliana cita os vários prejuízos: “Foi retirada a fiação interna das casas também, uma coisa que agravou mais ainda a possibilidade das pessoas. Pessoas idosas, pessoas com comorbidade, pessoas que utilizam insulina, que precisam manter refrigerado, crianças de colo que precisam tomar banho, que precisam se alimentar”. Além da falta de energia, o assentamento também ficou sem água, tendo em vista que o fornecimento de água ocorre por sistema de bombeamento que precisa de eletricidade para funcionar.
Reunião na Câmara Municipal
Após o corte de energia, a população do 3 de Janeiro se organizou e marcou uma reunião na Câmara Municipal com representantes da CPFL. O intuito dos acampados é ter suas necessidades básicas devolvidas.
De acordo com Saulo Antônio Daniel, advogado representante do 3 de Janeiro, os assentados tiveram direitos constitucionais feridos: “se a gente for olhar pelo viés constitucional, a dignidade da pessoa foi ofendida, a saúde. São crianças, são idosos, um banho é necessário, a água é necessária” e reitera, “a água e a eletricidade são, de acordo com a nossa constituição, direitos básicos da população.”
Juliana, que participou da reunião com a CPFL, informou que a empresa assumiu um compromisso: “a CPFL se prontificou num prazo de 60 dias a avaliar toda a documentação que o acampamento tem pra (sic) ver se tem a possibilidade de fazer as ligações regulares. Eles deram esse prazo de 60 dias pra (sic) nós.”
Apesar dos direitos violados dos acampados, poder público e CPFL mantém a postura de falta de ação, como afirma Saulo: “A verdade é uma só. Com todo respeito a todos que participaram, mas a reunião trouxe pra nós, por enquanto, promessas. Infelizmente, eu acredito que pra gente ter algum resultado, vamos ter que apelar sim pro judiciário”.