As vacinas como arma da população

As vacinas como arma da população

08/02/2021 Off Por Equipe Tribuna

“A vacina é a nossa única arma contra a pandemia”, afirmam cientistas

Em entrevista concedida à Radis, programa de comunicação da Fiocruz, Margareth Dacolmo, pesquisadora da Fiocruz, afirma: “para as doenças virais agudas, sobretudo de transmissão respiratória, a solução — e a única solução possível — são as vacinas. Como sempre foram e serão”. Esse é justamente o caso da COVID-19, doença causada por um vírus que passa de pessoa em pessoa através do ar.

Entretanto, a vacinação avança a passos lentos, mesmo após ultrapassarmos a marca de 220 mil mortes por COVID-19. Para Dacolmo, esse é o resultado de uma série de fatores, sendo um deles a oposição entre autoridades e cientistas. “Profissionais especializados vão à televisão e dizem uma coisa, em seguida o presidente da República diz outra coisa, o ministro da Saúde surge em entrevista e  diz outra coisa; dessa forma a opinião pública fica muito confusa”. Além disso, a pesquisadora ainda aponta que essa falta de coordenação e harmonia no alto escalão do governo atrasou o programa de vacinação da população brasileira, em consequência, o seu direito de proteção contra o Coronavírus.

Nesse meio tempo, gradualmente, os brasileiros têm seu direito à saúde atendido. No meio de uma pandemia como essa o direito à saúde é assegurado, principalmente, através da imunização contra o vírus causador da doença. E em São Carlos esse direito começou a ser exercido no dia 21 de janeiro, com o início da vacinação dos profissionais da linha de frente em combate ao Coronavírus.

Aos poucos a cidade vai sendo abastecida com lotes de vacinas para imunização da população. Em São Carlos a primeira vacina recebida foi a Coronavac, produzida por uma parceria internacional entre o Instituto Butantan e o grupo Sinovac Biotech. Os testes sobre a Coronavac, desenvolvidos pelo Instituto Butantan, tiveram início em julho do ano passado e contaram com a participação de mais de 13 mil voluntários. Nos resultados da pesquisa a Coronavac não apresentou nenhum efeito colateral grave. A maior parte dos vacinados tiveram apenas dores de cabeça e dores no local da aplicação da vacina, que ocorre por injeção. Até agora também não há nenhum registro de efeito adverso grave por conta da imunização.

O estudo ainda indica que a vacina Coronavac possui 50,38% de eficácia — um índice mais alto de eficácia que o índice da vacina para a gripe comum. Isso significa que a pessoa que for vacinada terá metade da chance de contrair Covid-19 se comparada à pessoa não vacinada. Além disso, a vacina garante 100% de eficácia contra casos graves, ou seja, quem se vacinar tem a certeza de que não vai precisar de internação caso contraia o vírus.

A segunda vacina entregue ao município foi a Oxford/Astrazeneca, que, segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, chegou em São Carlos no dia 27 de janeiro. Foram recebidas até o momento 3.050 doses. Os testes realizados pela universidade de Oxford sobre a eficácia dessa vacina foram publicados na revista científica The Lancet. A pesquisa aponta uma eficácia de 70,4% da vacina, ou seja, a pessoa vacinada tem 70,4% menos chance de ser infectada pelo coronavírus se comparada com a pessoa não vacinada. O estudo também mostrou que, das pessoas vacinadas com duas doses, não houve nenhuma hospitalização nem mortes por Covid-19.

Assim sendo, a vacinação representa a tão esperada luz no fim do túnel. Além das medidas básicas de proteção, somente a imunização da população pode garantir que o sistema de saúde não seja sobrecarregado com tantas pessoas à espera de leitos de UTI. Realidade que vem acontecendo há alguns meses no Brasil, onde 55,6% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave ocorrem por conta da Covid-19. Ou seja, a pandemia dobrou a demanda por respiradores e a maior parte desses equipamentos que temos no SUS está disponível nos leitos das UTIs.

Para Leonardo Samuel Ricioli, biólogo e pesquisador do Departamento de Biologia da USP de Ribeirão Preto, a vacinação é crucial para estabilizar o sistema de saúde e vencer a pandemia. “As pessoas vacinadas têm menor chance de se infectar com o Coronaví­rus, e consequentemente menor chance de infectar outras pessoas. No momento, estamos com uma grande porcentagem dos leitos de UTI ocupados tanto na rede pública de saúde quanto na rede privada, e todo esforço para diminuir esses números deve ser aproveitado”.

 

E, em concordância com as afirmações da pesquisadora Margareth Dacolmo, Ricioli é categórico ao afirmar que “a vacina é a nossa mais poderosa e talvez a única arma disponí­vel para lutar contra a pandemia no momento. Lutar contra a vacina é lutar a favor da pandemia e para que os números de mortos continuem aumentando,” finalizou.  

De fato, vale ressaltar que, ainda que diminua as chances de transmissão do vírus, a vacina não anula a sua transmissão. Para garantir que ninguém mais precise de internação e nem corra risco de morte por Covid-19, é necessária a vacinação de todos. Assim sendo, até que todos sejam vacinados, as recomendações da OMS continuam sendo importantes: evitar sair de casa e, se precisar sair, evitar aglomerações e usar máscara sobre o nariz e a boca.


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