Ato pela revogação do Novo Ensino mobiliza população de São Carlos
20/03/2023Estudantes das escolas Jesuíno de Arruda e Álvaro Guião, militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB), e professores de outras escolas construíram um ato na última quarta-feira (16/03) pela revogação do Novo Ensino Médio. Os manifestantes foram até a praça do Mercado Municipal para dialogar com a população sobre a importância de todos se mobilizarem contra essa medida na educação de milhões de jovens no Brasil.
Já no Mercadão os manifestantes formaram um comitê para planejar uma agenda de lutas para conscientizar e mobilizar a população trabalhadora. Nesse comitê, um próximo ato contra o Novo Ensino Médio foi marcado para o dia 15 de abril. Em entrevista ao Tribuna, “Zidane”, militante do PCB, reafirmou a importância de se mobilizar contra a implementação da reforma, já que foi possível dialogar com a população e organizar a luta pela educação em São Carlos.
Além da revogação do Novo Ensino Médio, “Zidane” comentou também sobre a importância de lutar pelo fim do vestibular. Isso porque, segundo o militante, as duas políticas servem para segregar grande parte da população de uma educação gratuita e de qualidade em todas as etapas de formação. Isso atende apenas interesses da classe dominante e reforça as desigualdades existentes no país.
Novo Ensino Médio
O Novo Ensino Médio foi promulgado em 2017 pela Lei 13.415/2017 durante o governo Temer e implementado durante o governo Bolsonaro. Esse projeto divide a grade curricular entre dois tipos de disciplinas. O primeiro tipo é de matérias obrigatórias para todos os estudantes, norteadas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Já o segundo tipo de matérias são aquelas escolhidas pelos próprios alunos, desde a área de linguagens até matemática e ensino técnico.
Em teoria, o Novo Ensino Médio serve para implantar o ensino integral e evitar a evasão escolar, como propagandeado na época da aprovação do projeto. Mas na prática ele “fragiliza a formação dos estudantes e aumenta a evasão e abandono escolar”, como afirma Mônica Ribeiro, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em entrevista à Agência Brasil, por substituir disciplinas como sociologia, filosofia e biologia, por matérias supostamente mais “úteis” como “fazer brigadeiro, cuidar dos pets, e como fazer sabonete.”
Para Daniel Cara, professor da faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), na mesma entrevista à Agência Brasil, a implementação do Novo Ensino Médio já fracassou: “Temos sempre que pensar a política educacional na escala, são 180 mil escolas no Brasil e boa parte oferta o ensino médio. E pensando no conjunto das escolas, a reforma hoje tem gerado mais problemas do que trazido soluções. […] O novo ensino médio está sendo implementado e não está acontecendo, porque ele é tão caótico, é tão desorganizado que ele sequer estruturou”.