A direita marota e seus malabarismos
05/09/2021Por Emerson Leal
O Correio Braziliense de 20/08/21 publicou um artigo do deputado Carlos Marun, do MDB, que desnuda o desespero de partidos de direita – supostamente de ‘centro’ – diante da dificuldade de criar uma alternativa viável às candidaturas de Lula e de Bolsonaro. Recordando: Marun é um deputado federal gaúcho, mas que se ‘formou’ em política partidária no Mato Grosso do Sul. Foi ministro da Secretaria de Governo do traidor e golpista Michel Temer e um dos mais ativos membros da tropa de choque de um político desqualificado e corrupto chamado Eduardo Cunha. Ou seja, ele participou de todos os golpes recentes contra os interesses da Nação e não é flor que se cheire.
1. Pois bem, em seu artigo “Coalizão Já!!” Marun afirma – fazendo um malabarismo escandaloso – que o Brasil vive hoje dois extremos: um de extrema-direita (Bolsonaro) e outro de extrema-esquerda (Lula). Ele até admite que ambos tenham algumas virtudes, “mas elas são relativizadas diante de defeitos imensos”, que seria a “completa incapacidade de pacificar o Brasil”! E conclui dizendo que o “festival de ódio que assola o Brasil” é de responsabilidade de Lula e Bolsonaro. Pode?
2. Ele finge que não teve qualquer responsabilidade no golpe contra Dilma, na prisão de Lula (para tirá-lo das eleições de 2018) e nem na eleição de Bolsonaro (em 90% respaldada pelo ódio de classe contra o PT), um dos maiores desastres da História da República. Pior que isso, só mesmo o golpe cívico-militar de 1964 que Marun deve enaltecer. A conclusão do deputado é no sentido de que a salvação para o Brasil está no ‘centro’, com um candidato que tenha propostas “lúcidas e pacificadoras”. Ele lamenta que esse candidato ainda não apareceu e ele tem de ser “construído”! Ele “existe, só não sabemos ainda quem é ele”!
3. Em síntese, o desconforto de Marun é evidente. Daí seus malabarismos! Ele reclama que votos de Bolsonaro estejam migrando para o Lula e sapateia: por que os eleitores “estão realizando um voo direto sem escalas no caminho, sem observar o caminho do meio”? Ele mesmo responde: “Porque não temos ainda um candidato de centro que se destaque”. Ele acha que a resposta está na “definição do nosso grupo”, que passa por uma coalizão de “partidos de centro” que tenham a mesma visão. E, na sequência, definir o candidato que represente esse grupo para, juntos, dizer ao eleitor “a que viemos” – ou seja, apresentar a proposta de governo da agremiação. E conclui: nosso programa mínimo tem de “partir da defesa inarredável da democracia. É isso que vai nos diferenciar dos adversários extremistas”.
4. Só mesmo rindo para não chorar. A questão é que, chamar a centro-direita de “democratas” é uma piada de extremo mau-gosto. Os partidos de direita – em absolutamente todo o espectro político – são antidemocráticos por excelência. Todos os partidos de ‘centro’ hoje estão como baratas-tontas, posando-se de ‘bonzinhos’ para tentar engabelar o eleitor desavisado. Todos eles participaram dos golpes parlamentares-jurídicos-midiáticos que ocorreram desde o segundo mandato de Dilma (quando não a deixaram governar) e todos eles votaram nas reformas bandidas de Bolsonaro, pensadas sob medida para tirar direitos dos trabalhadores.
5. Tudo leva a crer – como mostram as pesquisas – que Lula vencerá no primeiro turno, para desespero de Marun e de sua turma. A menos que o matem ou inventem mais um golpe para tirá-lo das eleições.
Emerson Leal foi vereador e vice prefeito de São Carlos nas administrações de Newton Lima e Oswaldo Barba. É colunista do Tribuna São Carlense.