Steve Bannon, o estrategista de Trump, na cadeia!

Por Emerson Leal

Steve Bannon teve o seu batismo de fogo como estrategista-mor da extrema direita norte-americana – “nacionalista branca”, racista e anticomunista – ao fundar em 2007 uma “plataforma da direita alternativa”: um site de notícias chamado Breitbart News, porta-voz e embrião do atual movimento fascistoide que existe nos EUA. Foi ele quem criou toda a estratégia de campanha para eleger Trump como presidente do país em 2016 e, como prêmio, recebeu o cargo de “estrategista-chefe” do governo. Bannon passou a ser o guru da direita norte-americana, tendo jogado seus tentáculos – sem muito sucesso – até em países da Europa, onde ele tentou criar um “movimento populista de direita”.

1. Semana passada Bannon e três de seus capangas foram presos quando chegavam à Casa Branca. A denúncia da Promotoria: “fraude” contra doadores de uma campanha para construir o muro que separaria os EUA do México. De acordo com os promotores federais, o esquema “foi orquestrado para fraudar centenas de milhares de doadores” de fundos, via internet, para levantar a muralha (ao preço de 100 dólares, por exemplo, os pequenos doadores podiam comprar um tijolo gravado com o seu nome e “seriam lembrados para sempre”). Bannon foi liberado após pagar uma fiança de US$ 5 milhões (sic!). Diante dos US$ 25 milhões arrecadados na campanha (cerca de R$ 140 milhões!) é muito pouco!

2. O Inspetor Philip Bartlett proclamou: “Os acusados não só mentiram aos doadores, como também maquinaram para ocultar sua malversação de recursos criando faturas falsas e contas para lavar doações e ocultar seus delitos, sem mostrar respeito algum pela lei e pela verdade”. Bannon foi indiciado também por conspiração em lavagem de dinheiro – crimes passíveis, cada um, de uma pena máxima de 20 anos de prisão.

3. O escudeiro de Trump estendeu seus tentáculos à América Latina também. Em janeiro de 2019 Eduardo Bolsonaro afirmou, em redes sociais, que Bannon o escolhera para liderar o movimento conservador (de direita, internacional) no Brasil e alhures. Palavras de Eduardo, numa foto ao lado do seu chefão norte-americano: “Satisfação ser o líder do Movement para a América Latina ao lado de Steve Bannon”. E depois, em outra foto em Washington, Eduardo escreveu: “Bate-papo agradável agora com Esteve Bannon, unindo forças contra o domínio cultural esquerdista/marxista”!

4. Na embaixada do Brasil em Washington, Bannon participou do “jantar com formadores de opinião” ao lado de Eduardo e Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho e outros figurões que representam os interesses do capitalismo gângster. Não há dúvidas que a prisão de Bannon e de seus comparsas representou um duro golpe não apenas para Trump, mas também para Bolsonaro et caterva.

5. O fato de Trump ter depois “anistiado” Bannon, Freud explica: é uma forma dele tentar perdoar a si mesmo por ter tido como estrategista de seu governo um criminoso e corrupto do naipe de Steve Bannon.

Emerson Leal foi vereador e vice prefeito de São Carlos nas administrações de Newton Lima e Oswaldo Barba. É colunista colaborador do Tribuna São Carlense.

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