Reportagem – Palestra na UFSCar com Vladimir Safatle

26/04/2019 Off Por Editorial Tribuna São Carlense

Na última segunda-feira (22/04), aconteceu na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) a Aula Magna do Centro de Educação e Ciências Humanas (CECH/UFSCar) que teve como convidado o filósofo e professor Vladimir Safatle. Ele é professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo(FFLCH/USP).

A palestra ministrada pelo filósofo teve como temática “O retorno da universidade à cena do político” e contou com um auditório lotado e debate após a apresentação.

Safatle abordou temas polêmicos, como a chamada “guerra aos comunistas” travada pela direita brasileira, entendendo que essa disputa se dá no campo de uma batalha do que virá. Segundo o filósofo, o grau de descontentamento da população com a situação política atual indica um desejo de transformação radical, assim a direita luta uma batalha no futuro, antes que ela seja perdida. Nesse contexto, Safatle debate a necessidade atual de radicalização política, em oposição ao modelo de incorporação política do populismo.

O retorno da universidade à cena do político aparece na palestra em alusão ao maio de 68 Francês, onde a universidade teve um papel central, mas cabe lembrar que na América Latina houve um movimento anterior denominado Reforma de Córdoba, de extrema relevância local. A Reforma de Córdoba foi um movimento iniciado na Argentina em meados de 1918; tal reforma foi extremamente importante para o modelo universitário no continente hoje. A partir dela se constituiu a base autônoma das universidades em praticamente todos os países da América Latina; assim como o debate da relação entre universidade e sociedade, não nos recordarmos desse movimento histórico é reforçar o eurocentrismo teórico que faz parte da história do nosso país.

Na palestra, Safatle abordou pontos de análise da política atual, relacionada a um impasse do projeto de conciliação que estava em voga no Brasil nos últimos governos e afirma: “não há como reeditar o modelo Lula. a divisão veio para ficar.” Essa divisão estaria centrada em uma lógica de guerra, onde para o atual governo seria melhor ter 30% da população unida em torno de um projeto do que 70% disperso.

Outro ponto central do debate foi em torno do déficit previdenciário. Safatle provoca sobre as soluções aos supostos problemas financeiros brasileiros: “quer resolver finanças? É necessário reforma tributária, mexer nas questões de heranças e cobrança de impostos como IPVA para jatinhos, iates, helicópteros”. O filósofo ressalta que existem formas constitucionais de lidar com a questão. O que é central?

“Qual a possibilidade de existência da esquerda? Onde assumiu a radicalidade, a esquerda cresceu. Quantos políticos no Brasil se dizem socialistas? É melhor morrer pelos extremos do que pelas extremidades”, e alerta: “se fica no meio, some.” 

Por fim faz provocações a plateia: “qual a política econômica da esquerda para o nosso país? E o que faria no governo?”. Safatle também apontou que não é possível negociar no momento atual, e que não é questão de reforma política, mas da necessidade de constituição de uma soberania popular.

[Reportagem]Na última segunda-feira (22/04), aconteceu na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) a Aula Magna do…

Posted by Tribuna São Carlense on Friday, April 26, 2019

Link para a palestra completa: https://www.facebook.com/watch/?v=2438100079543105

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