Reitoria da UFSCar vai na contramão das universidades brasileiras ao apoiar o projeto “Future-se”

Reitoria da UFSCar vai na contramão das universidades brasileiras ao apoiar o projeto “Future-se”

16/08/2019 Off Por Editorial Tribuna São Carlense

A Reitoria da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) lançou uma nota, nesta quarta-feira (14/08) declarando apoio ao projeto “Future-se”, lançado pelo Ministério da Educação em julho. O projeto, de adesão voluntária, prevê a criação de um fundo extra orçamentário para financiamento das IFES (Instituições de Ensino Superior) e a contratação de OS (Organizações Sociais) para “apoio administrativo”.

Com a declaração, a UFSCar segue na contramão de mais de 40 universidades públicas brasileiras que fazem críticas ao projeto. As direções contrárias ao Futura-se apontam os riscos à autonomia universitária com a inclusão das OS na gestão da Universidade, além da inserção das Universidades Públicas numa lógica mercadológica, em que o ensino e a pesquisa são financiados pelo setor privado, de acordo com seus interesses.

A nota da UFSCar, ao contrário, defende o projeto por acreditar que “o programa tem potencial de fortalecer a Educação Superior do país e ajudar a UFSCar a enfrentar em melhores condições os desafios de gestão”. A sinalização da Reitoria gerou polêmica entre estudantes e docentes da Universidade, visto que tanto o DCE (Diretório Central dos Estudantes) quanto a ADUFSCar (Associação de Docentes da UFSCar), já se posicionaram contra a adesão ao programa.

O “Future-se”

O projeto “Future-se: Programa Institutos e Universidades Empreendedoras e Inovadoras” foi lançado no último dia 17 de julho, em um evento aberto a convidados, contando com a presença do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, e o Secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação (MEC), Arnaldo Lima.

O intuito do projeto é “reestruturar o financiamento da educação superior pública em institutos e universidades federal, a partir do aporte do capital privado”. Dentre as várias proposições, o projeto abre a possibilidade de se firmar parcerias público-privadas entre IF/UF e empresas, a cessão de ‘naming rights’ de campi e edifícios, a criação de fundos patrimoniais e de investimento (parecido com o que aconteceu com os Correios).

Segundo o Ministro do MEC, a intenção é que “a educação brasileira vire um produto de exportação”. O projeto está aberto para consulta pública via internet até o dia 29 de agosto, o prazo, que venceu na quarta-feira (14/08), foi prorrogado a pedido do Sebrae (que será parceiro do programa) e pelos reitores das universidades federais de São Carlos, Mato Grosso do Sul, de Lavras e do Oeste do Pará.