Professores manifestam-se por melhorias no sistema público de ensino de São Carlos

Na última sexta-feira (18), professores da rede municipal de ensino de São Carlos reuniram-se em frente à Secretaria de Educação em protesto contra o caos na educação de São Carlos. A concentração para o ato ocorreu na praça Coronel Salles às 8h, de onde os manifestantes saíram em passeata pela Avenida São Carlos, passando pela Rua 7 de Setembro e Avenida Episcopal. Houve ainda uma parada em frente à Prefeitura Municipal, que teve suas portas fechadas e protegidas pela Guarda Municipal. O ato se dispersou às 11h da manhã. Falta de estrutura física e de pessoal foram as principais reivindicações dos funcionários públicos.

O Tribuna entrevistou uma professora vinculada ao SINDSPAM (Sindicato dos Servidores Públicos e Autárquicos de São Carlos e Dourado), que preferiu não se identificar. Ela, que trabalha há 24 anos na educação municipal, diz que sua sala nem mesmo deveria estar ativa: “Tem época que eu estou com oito crianças de dois anos, sem banheiro e sem pia na sala, não tem onde trocar as crianças! Eu preciso me locomover da sala até o banheiro, que fica longe, com oito bebês. Tem outras escolas que estão com problemas na cozinha, com ratos, escorpiões, goteiras”. 

A professora faz questão de pontuar que a manifestação não é por maiores salários, mas sim por melhores condições estruturais para professores e alunos: “o que nós queremos é conforto e saúde para as nossas crianças, para a gente poder trabalhar bem, não é preguiça, não é porque ninguém quer trabalhar, ao contrário: nós estamos aqui porque queremos trabalhar melhor.”

Ronaldo Mota, conselheiro estadual da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de Sao Paulo) e membro da Resistência-PSOL, denuncia que há dinheiro sobrando há um ano e meio e que mesmo assim, a Secretaria de Educação não realizou as reformas e adequaçoes necessárias no momento em que as escolas estavam fechadas por conta da pandemia: “surpreendentemente, oito unidades tiveram que ter as aulas suspensas e serem fechadas para que estas reformas fossem feitas agora. Isso em algumas das unidades, mas nós sabemos que esse problema é um problema generalizado”.

Esse foi um dos motivos pelos quais os professores apresentaram uma denúncia no último dia 14 para a formação de uma comissão processante na Câmara Municipal, que foi rejeitada: “infelizmente foi rejeitada por grupo que apoia a prefeitura, que apoia o governo municipal e infelizmente prefere manter a fama, manter o caos e o prefeito do que abrir averiguação de todos os fatos que estão ocorrendo, inclusive essa ilegalidade do não investimento do mínimo de 25% para a educação.”