O contemplador de ecos

O contemplador de ecos

19/09/2019 Off Por Editorial Tribuna São Carlense

Poesia escrita por Juan Pablo

Não lance teu corpo ao abismo
e nem me espere , adocicando
com esperanças a xícara fria
onde jaz toda vaidade fútil.
Hoje eu não venho
nem vento nem tenho
mais nada, hoje não percorre
nas veias avenidas velhas
teias consumadas, indiferentes pedras podres,
odores doentios e só o vapor
de uma fumaça humana.

Quebro uma janela em algum hospício
em alguma…mente, agência, clínica hospitalar?
Quebra, cava, interrompe e força,
estende ,atrofia, ensimesma …
rompe em um coeficiente vazio
o valor breve da existência.
Agrego á uma poesia atada
o sabor metálico do amor passado,
da palavra categórica, o elo desfeito
e o vinculo quebrado …
fazendo companhia a palavras
solitárias e criando tons
de outras sensações mais arbitrárias
solidões criadas
em cativeiros
viveiros, outros tempos
de vozes caladas!

Agora foi se o tempo necessário
e de outras alvoradas se faz
nossa morada, na morada do sol
mãos juntas, o calor difundido na esférica
estrela solar que tem pra si uma morada
e a namorada do sol se insinua toda
no céu, namorando raios lampejantes
a cobrir toda sua sombra negra e brincar
entre as nuvens e as cores badaladas
auroreais e divinas, bordas como um ouro róseo
espalhado em labaredas únicas e glamorosas nas nuvens angelicais.
O ouro que se esparrama sobre as calçadas
das nossas ruas e sob os nossos pés
vira sangue, uma liga metálica, suja, barrenta
e grossa se forma e faz com que os pores do sol
soem como sinos badalando um apocalipse geral!

Nossas queridas mães incendiárias
e a cólera que eles nos distribuem diariamente rugem aqui dentro, no coração da plebe,
minha cabeça derrete sob a mira
maliciosa de um fuzil decompositor, eles te apontam, disparam!
Depois a cena se divide
na metáfora lírica ou na realidade
surreal do presente.
A eminência do caos se aproxima
e quase se mostra de forma
que se possa ver todos que queiram ver,
ruminando fogos e aniquilando a ordem
pré estabelecida nossos corações soberbos
e humanos gritam, nós nos afogamos
em uma drink de paixão e insanidade!

Mas eu ainda quero um pouco do veneno
os suores repentinos, os entorpecentes subsidiados
e o sexo indolor parecem queimar na minha pele mundana
As horas não passam no corredor para o inferno
e na sala de espera do céu, dizem que os anjos
fazem pouco caso e as poucas almas ali, apodrecem todas.
Entoo uma valsa que chama as moças
distraídas ,os homens rejeitados, os mendigos
e os descabelados, os pecadores, infames e embriagados
monges de lógica abrasiva e essencialmente alegres.
Procuro um entre mil e um olhares,
como cometas ou constelações distantes
o meu peito se abre no chão, a terra molhada
me suja e o solo se desfaz em um sonho ensaiado.

Esqueço fatos e ando
por uma rua escura de pedras
a areia dança em meus passos,
calçando somente a madrugada
os sonhos oratórios das pessoas
ecoam no asfalto
e eu não consigo ouvir
mais do que o silêncio
do céu noturno.