Integrando-se à mobilização nacional, população sãocarlense pede Fora Bolsonaro
29/05/2021Centenas de manifestantes reuniram-se na cidade de São Carlos (SP), na manhã deste sábado (29), para protestar contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Com o brado de “Vacina no braço, comida no prato”, o grupo marchou da praça do Mercado Municipal até a praça XV de Novembro.
Neste sábado (29), a população de São Carlos (SP) articulou diversas ações para compor o Dia Nacional de Mobilização por Fora Bolsonaro. O ato foi organizado a partir de uma plenária na praça do Mercado Municipal, que decidiu seguir com marcha popular, pela Avenida São Carlos até a praça XV de Novembro.
Bibiana Barreto Silveira, advogada e assessora jurídica do Sindicato dos Trabalhadores Técnicos-Administrativos da Universidade Federal de São Carlos (SINTUFSCar), informou que as mobilizações seguiram orientações de segurança para manter o distanciamento social, contando também com a distribuição de máscaras PFF2. Segundo a assessora, entre as pautas da articulação estavam a conscientização política da população em prol da vacinação, a luta por auxílio emergencial e a defesa da universidade pública.
Mobilização popular por saúde, trabalho e educação
De acordo com R. M., professor e integrante do Comitê Nacional de Lutas, a manifestação contou com a presença de diversas organizações: “São várias organizações [que estão aqui hoje] e de uma certa maneira está todo mundo independente. O chamado é um chamado nacional que está ocorrendo e que tem como pauta vacina para todos, auxilio emergencial de R$600,00, para poder minimizar o problema do desemprego, da fome.”
Integrantes de diversos movimentos sociais marcaram presença nas manifestações, como moradores da ocupação Em Busca de Um Sonho, localizada no bairro Antenor Garcia; e educadores da Rede Emancipa. Ariane, 29 anos, professora da iniciativa, conversou com a equipe do Tribuna São Carlense, destacando a necessidade da luta popular para garantir o direito à vacinação: “Hoje eu tô aqui junto com o movimento que eu faço parte, porque a gente chegou à conclusão de que o presidente é pior do que o vírus.”
Para Ariane, a decisão de ir às ruas se tornou necessária frente à extrema negligência do governo de Jair Bolsonaro (sem partido): “(…) muita gente passando necessidade, muita gente passando fome porque não tem condição de trabalhar nesse contexto, porque o auxílio emergencial é uma miséria. Então é um acúmulo de coisas desse um ano e meio, a gente não aguenta mais e percebemos que tomando as devidas medidas sanitárias (…) isso seria menos prejudicial que a gente ficar em casa fingindo que nada tá acontecendo, porque realmente tá acontecendo um genocídio.”
De acordo com os números levantados pelo Consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde, desde o começo da pandemia até o dia de ontem (28), o Brasil somou mais de 459 mil mortes, por covid-19. Na cidade de São Carlos, até sexta-feira (28), o número de óbitos pela doença é de 349 pessoas. Além disso, a taxa de ocupação dos leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) destinados ao tratamento da doença é de 97,3%.
Balanço da mobilização
As atividades da mobilização incluíram também campanha solidária para arrecadação de alimentos e agasalhos, articulada pelo SINTUFSCar, em parceria com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), e com os movimentos MAIS ADUFSCar e DCE Livre UFSCar.
O ato terminou na praça XV de Novembro, com falas que retomaram as pautas “Fora Bolsonaro e Mourão” e “vacinação para todos”, além da reivindicação de retomada do auxílio emergencial no valor de R$600,00 reais.
A questão da defesa da educação pública também se fez presente. A pauta ganhou destaque, num contexto em que a Universidade Federal de São Carlos, entre outras universidades federais, enfrenta um cenário de redução de 21% de seu orçamento, em relação ao ano passado. O corte afetou diversos setores da instituição, entre eles os programas de permanência estudantil.
A Polícia Militar (PM) acompanhou o ato e foi consultada pela equipe do Tribuna Sãocarlense, informando que a estimativa de participantes da marcha somou entre 1000 e 1500 pessoas. Para os manifestantes que construíram a atividade, o saldo político das ações de 29 de maio em São Carlos foi extremamente positivo.
De acordo com Marcelo Innocentini Hayashi, 29 anos, militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB): “O ato foi vitorioso, a gente teve um saldo político maior do que a gente imaginava. Pelo menos, particularmente eu que sou do PCB, a gente fez diversas panfletagens ao longo da semana e conseguiu absorver que a maioria da população está realmente insatisfeita. Então ver esse contingente de pessoas que estava nas ruas e a gente conseguiu sair em marcha da praça do Mercadão aqui pra praça da XV [de Novembro], é um ato muito mais que vitorioso. A gente mostrou a força do poder popular nas ruas.”
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