Incêndios em matas nativas de São Carlos

Lívia Maria Vieira. Professora de Ciências. Membro do Coletivo Ambientalista Comunista de São Carlos

No dia 28 de julho de 2020, um incêndio de grandes proporções atingiu cerca de 30 hectares de uma área de preservação ambiental em São Carlos, próximo à Embrapa e ao cerrado da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).

Algum tempo depois, no dia 12 de agosto, outro incêndio em matas nativas da cidade assustou moradores da Cidade Aracy e Residencial Abdelnur. Bombeiros não conseguiram chegar ao local, e os próprios moradores combateram o fogo com baldes e mangueiras. Em ambos os casos, o clima seco é apontado como agravante dos incêndios por causas naturais.

Mas vamos entender um pouco o que são essas “causas naturais”. Levando em conta a complexidade da questão ambiental, das alterações no clima, e das relações de produção humanas intensificando essas alterações, devemos apontar criticamente que o termo “causas naturais” invisibiliza todos esses problemas.

O aquecimento global é um problema apontado como consenso na comunidade científica. Apesar do aquecimento ser a princípio natural, este foi agravado muito após a revolução industrial, sendo um problema urgente para todas as sociedades atuais. O agravamento se dá principalmente pela emissão de poluentes de combustíveis fósseis e
desmatamento de florestas.

Importante apontar estas causas, para relembrar que, durante a pandemia, nosso ministro do Meio Ambiente, aliado ao agronegócio e ao governo ecocida de Bolsonaro-Mourão, se aproveitou do caos social para colocar medidas que aumentassem o desmatamento principalmente da Amazônia.

Mas o que isso tem a ver com as queimadas? Absolutamente tudo. Apesar de haver um fator de queimadas naturais no cerrado em épocas de clima seco, queimadas estas que não são muito grandes e ajudam a renovar os nutrientes da terra, este fator foi elevado com o agravamento do desmatamento generalizado e aquecimento global.

Então, não podemos simplesmente pensar que as queimadas e o clima seco, que até o último final de semana (15) já duravam mais de um mês sem chuvas, sejam naturais da estação de Inverno em que estamos. O agravamento do aquecimento global, diminuição de chuvas e queimadas destruindo importantíssimas reservas florestais brasileiras, são problemas da organização social e produtiva humana, que precisam ser criticados e
tratados com seriedade.

Não se pode manter a organização industrial capitalista, explorando e destruindo o meio natural, da forma que vem sendo feita, ignorando os prejuizos gravíssimos para o próprio meio natural e as sociedades humanas.

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