Embaixada brasileira deixa são-carlense e outros 61 brasileiros isolados na Colômbia

Embaixada brasileira deixa são-carlense e outros 61 brasileiros isolados na Colômbia

25/05/2020 Off Por Equipe Tribuna

Há quase duas semanas, em meio à pandemia do coronavírus, 62 brasileiros retidos na Colômbia se organizam para tentar um retorno seguro ao Brasil. Após contato com a Embaixada brasileira naquele país, eles relatam enfrentar grande burocracia e uma indisposição da mesma em ajudá-los.

Entre eles está Michel, são-carlense estudante da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), que relatou o caso ao Tribuna São Carlense. Assim como ele, a maioria do grupo é de estudantes de universidades públicas brasileiras que cumprem programas de intercâmbio ou mestrado.

Grande parte deles, pelo menos 50, que depende de bolsas para se manter, ficaria no programa até final de maio ou junho. Ou seja, logo as bolsas serão finalizadas e o grupo estará isolado num país estrangeiro, longe de suas famílias e companheiros, sem garantia de alojamento e com dificuldades financeiras para se manter e enfrentar a pandemia.

No dia 13 de maio os 62 brasileiros criaram um grupo para reclamar por respostas da Embaixada, mas o número pode ser bem maior. Segundo Michel, cada um já buscava individualmente formas de retorno e então, juntos, decidiram enviar emails e cartas à Embaixada e à Defensoria Pública da União, que vem acompanhando o caso.

Em contraposição, a Embaixada alega que já cumpriu dois voos de repatriação e dá a entender que os brasileiros ficaram na Colômbia por escolha própria. No entanto, na data do primeiro voo, 5 de abril, os brasileiros já tinham sua data de retorno marcada. Apesar de Ivan Duque, presidente colombiano, decretar o fechamento das fronteiras no dia 16 de março nem todos os voos haviam sido cancelados.

Já o segundo voo, que foi organizado pelo governo colombiano e contou com apoio da Embaixada brasileira, tinha um custo de 450 dólares por pessoa (aproximadamente 2500 reais). E estes 62 brasileiros não têm condições de custear essa passagem: um voo de Bogotá até São Paulo custa em torno de 1200 reais.

Com os aeroportos colombianos fechados até (pelo menos) 30 de junho e a desassistência do governo brasileiro, o grupo enfrenta diversas incertezas. O seguro médico obrigatório tem prazo para terminar em breve. Além disso, eles não sabem se terão alojamento, fonte de renda e também sanidade psicológica, uma queixa comum, pois não estão ao abrigo de seus familiares e companheiros, se encontram, de certo modo, em solidão. E não sabem até quando ficarão nessa situação.

Enquanto isso, a Embaixada segue com outros programas, como um curso de caipirinha:

Neste último domingo (24), o grupo enviou nova carta à Embaixada reforçando o pedido. Até o momento a Embaixada não deu nenhuma previsão para novo voo de repatriação.


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