Docentes da UFSCar entrarão em greve a partir de segunda-feira (06)

Docentes da UFSCar entrarão em greve a partir de segunda-feira (06)

30/04/2024 Off Por Colaborador/a

Por: Assessoria ADUFSCar

Na tarde de ontem, segunda-feira, 29 de abril, as/os docentes da UFSCar deliberaram pela adesão à greve nacional das/dos servidores da educação federal em uma assembleia presencial que reuniu 405 professoras/es nos quatro campi da Universidade.

A proposta aprovada, encaminhada pela Diretoria da ADUFSCar, prevê a adesão à greve a partir da próxima segunda-feira, 6 de maio. Durante o debate, foram realizadas intervenções de professores nos quatro campi. A deliberação contou com 372 votos, sendo 216 votos favoráveis à greve, 147 votos contrários e 9 abstenções. 

Negociação e Mobilização 
A assembleia foi iniciada pouco depois das 17h30, com um breve histórico das negociações junto ao Governo Federal e a atualização do cenário da mobilização da categoria docente. De acordo com a profa. Fernanda Castelano Rodrigues, presidenta da ADUFSCar, desde 2016 as mesas de negociação nacional foram interrompidas, tendo sido retomadas somente agora, com o governo Lula da Silva (PT). “Reivindicamos a recomposição salarial e o governo nos impôs o reajuste de 9% no ano passado, com alguns reajustes em benefícios. Desde então, as entidades representativas têm apresentado propostas de recomposição que não estão sendo consideradas. O governo atualmente insiste em 0% para 2024. Em dezembro de 2023, a proposta limitava o reajuste a apenas 4,5% em 2025 e 4,5% em 2026”.

A contraproposta das entidades, desde fevereiro deste ano, é um valor próximo a 21% de reajuste, distribuído ao longo de três anos. “O governo continuou intransigente com o 0% em 2024, mas diante da pressão do movimento grevista iniciado pelos TAEs em março, no último dia 19 de abril, a proposta passou a 9% a partir de janeiro de 2025 e 3,5% em 2026. Essa proposta chega a uma recomposição de 12,5%, longe dos cerca de 21% que estamos pleiteando, e com nenhum reajuste para este ano”, disse a presidenta da entidade.

Um dos docentes do campus São Carlos comentou a presença massiva da categoria nessa Assembleia, pois estiveram no Anfiteatro Bento Prado 255 professoras/es: “Isso dá legitimidade à nossa decisão, e o que precisamos, em decisões sérias como essa, é justamente isso”. Outro docente, do mesmo campus, afirmou: “Havia uma preocupação de parte das/dos colegas, na semana passada, de que haveria um esvaziamento em nossa assembleia. Vimos que isso não se realizou. Aqui, temos um auditório cheio, o que mostra que a categoria quer discutir sobre o tema. Lá fora estão as/os estudantes, que também estão mobilizados para discutir as pautas da categoria. Os IFs e outras universidades estão em greve, e eu acho que seria muito estranho estarmos em uma universidade em que estudantes e TAEs discutem e paralisam seus trabalhos e nós, docentes, não. Precisamos ocupar a universidade e discutir a sua relevância, fazendo circular aquilo que se produz aqui”. Outro docente, do campus Lagoa do Sino, acrescentou: “Só de termos nossa categoria reunida para discutir as nossas pautas, já temos uma expressão da nossa mobilização”.

O cenário da greve e as perspectivas do movimento
Nos informes iniciais sobre o cenário atual da greve de docente federais iniciada em 15 de abril, quando o Sindicato Nacional das/dos Docentes do Ensino Superior (ANDES-SN) deflagrou greve depois de tentativas frustradas de negociação das pautas da categoria junto ao Governo Federal, a profa. Fernanda Castelano, relatou que, neste momento, já são 30 as universidades em greve e aproximadamente outras 10 com indicativo de greve para esta semana; se somam as/os docentes e as/os TAEs, paralisados desde 11 de março, mais de 500 unidades de Institutos Federais. No estado de São Paulo, docentes da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e da Universidade Federal do ABC (UFABC) também aprovaram sua adesão à greve nacional para esta semana.

Dentre outras pautas, a categoria reivindica recomposição salarial, reestruturação das carreiras e melhores condições de trabalho; a restauração do orçamento das instituições federais de ensino e ampliação dos programas de assistência estudantil; e a revogação do novo ensino médio (NEM).

Pontos de destaque do debate
Durante a AG, o atraso do calendário acadêmico, a evasão estudantil no período de greve e um possível desgaste do Governo Federal foram preocupações apresentadas por quem se posicionou contrário à greve. Sobre isso, um docente do campus Sorocaba comentou: “Não é só uma greve por salário. É uma greve para que nossas/os estudantes possam entrar e ficar aqui. Que tenham alimentação, moradia e transporte todos os dias”.

Nesta mesmo direção, um docente do campus Sorocaba questionou: “Temos reajustes orçamentários e propostas de emendas constitucionais (PECs) sendo aprovadas para outras categorias e funções do Estado, e por que o nosso reajuste e o orçamento das universidades não é considerado? É fundamental que tenhamos o reajuste salarial e a recomposição do orçamento das nossas universidades. O atual orçamento da UFSCar é menor do que era há dez anos atrás. O que estamos defendendo é a universidade pública, para além da recomposição salarial”.

A realização da greve docente durante o governo Lula e a não realização durante os governos anteriores, de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), foi um ponto levantado por parte das/dos docentes que se inscreveram, tanto as/os que se declararam favoráveis quanto as/os que se declararam contrários à greve. Isto porque algumas/uns consideram a greve no atual momento como uma contradição política do movimento. Sobre essa questão, um docente do campus São Carlos comentou: “Não se trata de um desgaste ou não ao governo. Eu entendo que o que estamos disputando é o orçamento público para as universidades e as/os servidoras/es públicas/os. Não deve ser a pasta da educação ou a da saúde que deve pagar pelos acordos do governo junto ao Congresso Nacional”.

Nesse mesmo sentido, outro docente comentou: “Tivemos um momento muito sofrido, de pandemia e governo Bolsonaro. As falas aqui refletem um medo com o futuro da universidade pública. É sintomático que o nosso ministro da Economia, Fernando Haddad (PT), que está estrangulando o orçamento público, seja o nome indicado pelo nosso governo para o Prêmio Nobel de Economia. O projeto que está sendo encampado pelo governo é de uma universidade que sirva como unidade produtiva, que sirva para dar dinheiro. O que hoje está acontecendo na universidade pública irá impactar o futuro das universidades e a formação das nossas próximas gerações”.

Ações de mobilização
A Diretoria da ADUFSCar informará a Reitoria da Universidade nesta terça-feira, 30 de abril, sobre a deliberação da categoria pela deflagração da greve a partir da segunda-feira, 06 de maio. Nessa próxima segunda-feira, primeiro dia de greve, será convocada Assembleia Geral com as/os docentes discutirá o formato do movimento, calendário de mobilização, além da instauração do Comando Local de Greve.