Ato antifascista e antirracista é impedido de ocorrer no Mercadão
07/06/2020Foi marcada para a manhã deste domingo (07) uma manifestação antifascista e antirracista em São Carlos. Os manifestantes pediam o fim do genocídio contra a população negra, a adoção de medidas para garantir efetivamente o isolamento social no país e a saída de Bolsonaro e Mourão. O protesto tinha o intuito de se somar às manifestações que estão levando, neste domingo, milhares de pessoas às ruas nas principais cidades do país, como São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém e Curitiba. Na maioria delas houve repressão policial, e em São Carlos não foi diferente.
A concentração para o ato foi marcada para às 9 horas. No entanto, agentes da Polícia Militar e da Guarda Municipal estavam presentes para impedir a manifestação. Chamou atenção o grande efetivo policial, que contava com ao menos quatro viaturas e sete motocicletas da Polícia Militar, que estava fortemente armada, incluindo armas de alto calibre.
Manifestantes relataram sofrer intimidação e ameaças de multas no valor de 5 mil reais caso participassem da concentração, levando muitos a voltarem para casa: “A gente estava chegando em um pequeno grupo para o mercadão pela Av. São Carlos. Aí já estavam várias viaturas e um PM veio nos abordar no quarteirão acima falando que tinha uma ação judicial proibindo o ato, que os participantes iriam ser multados por 5 mil. Ele chegou bem perto e estava sem máscara. Uma camarada que estava no grupo pediu para ele colocar a máscara e o PM ficou agressivo e começou a gritar, pedindo o documento de todos. Quando ele pediu nosso documentos, pedimos para ver a ação, ele não deixou a gente ver, apenas mostrou um artigo que falava que os organizadores da ação seriam autuados em 5 mil. […] Chegando lá, [após dar a volta no quarteirão] a polícia tinha informado que estava ilegal o ato e fomos instruídos em dispersar.” Relatou MZ, 24 anos, professor.
Assim, de acordo com o relato, mesmo alegando cumprir ordens para resguardar a quarentena e proteger a população, o membro da Polícia Militar agiu agressivamente quando solicitado para utilizar máscara. Conforme mais pessoas chegavam até o local, a polícia reduziu as ameaças. Por fim, foi apresentada uma decisão judicial que obrigava a Prefeitura, com o auxílio da Polícia Militar, a dispersar aglomerações de pessoas. Após falas e uma votação entre os manifestantes, o ato foi dispersado. Os manifestantes tomaram precauções para a redução de danos durante a ação, utilizando máscaras, álcool em gel e respeitando o distanciamento físico. Contraditoriamente, a ação policial acontece em um momento de reabertura do comércio, com ruas e ônibus cheios.
Gostou dessa matéria? Contribua com o jornalismo popular na cidade: https://tribunasaocarlense.com.br/financiamento-coletivo/”