Assembleia Extraordinária e ocupação cultural do Palquinho da UFSCar acontecerão hoje

Assembleia Extraordinária e ocupação cultural do Palquinho da UFSCar acontecerão hoje

05/09/2019 Off Por Editorial Tribuna São Carlense

Hoje acontecerá uma assembleia extraordinária convocada pelo DCE Livre e pela APG – UFSCar para debater a demolição do Palquinho da UFSCar, obra que começou sem nenhum diálogo com a comunidade acadêmica ou envolvidos. Após a assembleia a intenção dos graduandos e pós-graduandos é realizar uma ocupação cultural do Palquinho como forma de resistência e protesto contra o autoritarismo e as posições antidemocráticas da Reitoria da UFSCar.

A assembleia começa as 18h no gramado ao lado do Ginásio de Esportes da universidade. Maiores informações no evento do Facebook:

Assembléia Extraordinária + Palco Livre: https://www.facebook.com/events/2499089106853834/

A equipe do Tribuna procurou os envolvidos e afetados pelas obras em busca de um posicionamento deles sobre a questão; conversamos com o DCE, pelo Palquinho ser um anexo ao prédio da entidade, a APG, por também utilizar o mesmo prédio, e com Débora Burini, docente do Departamento de Artes e Comunicação (DAC), prédio também adjacente ao Palquinho. A seguir, seguem na íntegra as notas enviadas para nosso jornal:

Nota da APG – UFSCar

“Temos vivenciado há alguns anos um atropelamento sistemático da resistência estudantil na Universidade Federal de São Carlos. Acompanhamos ações autoritárias da reitoria da universidade desde que foi eleita. Presenciamos a criminalização de estudantes que ocupavam a reitoria da UFSCar em busca de garantir a permanência estudantil. Tivemos que acompanhar reuniões do ConsUni que decidiam sobre o aumento do RU e o corte das verbas destinadas à assistência estudantil de um telão, fomos impedidos de entrar em reuniões que são, em teoria, abertas à toda a comunidade universitária. Mais recentemente, no período de renovação das bolsas da assistência estudantil, uma empresa terceirizada foi contratada para realizar o processo – responsabilidade que deveria ser da gestão universitária. O resultado: um edital confuso, que indeferiu a renovação de grande parte das bolsas, sem justificativas nítidas para o não deferimento. Mesmo que tenha sido permitido à comunidade estudantil protocolar recursos, a burocracia – quantidade de documentos e falta de informações precisas – dificultou o processo.
Não precisamos reiterar que essas ações minam nossas formas de sobrevivência na universidade, causando, de forma deliberada a evasão de estudantes que dependem das políticas de permanência estudantil para se manterem na UFSCar. Essa evasão faz parte de um projeto político que têm como objetivo principal desmantelar a educação pública, gratuita e de qualidade, empenhada em desenvolver ensino, extensão e pesquisa voltada à transformação social. Na semana passada realizamos uma assembleia comunitária que tinha como pauta o programa Future-se – mais um exemplo concreto dessa tentativa de desmantelamento das instituições federais. Essa assembleia foi mais um espaço de resistência do movimento estudantil, da graduação e da pós-graduação, em conjunto com os técnicos administrativos e professores, à um posicionamento unilateral da reitoria da UFSCar. Sem dialogar com a comunidade a reitoria da UFSCar se posicionou de forma favorável ao projeto de privatização disfarçado das instituições federais que impacta diretamente nossas atividades na pós-graduação.
As ações da reitoria têm vindo ao encontro dos projetos propostos pelo MEC. E o que essa instituição tem deliberado? Sobre cortes nos financiamentos das universidades, corte dos salários dos pós-graduandos (bolsas), falta de liberdade na pesquisa acadêmica, cortes diretos nas pesquisas – que movimentam o desenvolvimento de qualquer país em todas as áreas do conhecimento, exatas, humanidades, biológicas, saúde. A gestão, ao se mostrar conivente, evidencia seu acordo com todas essas medidas. Sem salários, como os pós-graduandos se mantém, divulgam suas pesquisas, ou até mesmo comem? Como realizaremos pesquisa, sem dinheiro para pagar água, luz, instrumentos laboratoriais, por exemplo? Se não tivermos todos esses amparos ou direitos garantidos, como nos manteremos na profissão pesquisador? Não temos carteira assinada, nem qualquer direito trabalhista. De que forma vamos nos inserir no mercado de trabalho fora da universidade? Não conseguiremos, ou será raro. Portanto, essas atitudes afetam também nossa permanência nas universidades, que são nosso espaço de trabalho, trabalho pelo qual, como todo outro, devemos receber salários e garantias.
Aparentemente, resistir ao desmantelamento da universidade pública, defender a autonomia universitária, lutar por popularização da universidade, por permanência estudantil e se posicionar de forma contrária à invasão do financiamento privado na nossa instituição é entrar em conflito direto com a atual gestão da UFSCar. Dizem-nos que estamos em uma gestão democrática, que temos um objetivo comum, que somos responsáveis pela nossa instituição, mas não só nos barram nos espaços de decisão, como decidem sobre nosso espaço de convívio. Encaramos a derrubada do palquinho como mais um ataque direto à comunidade estudantil que constrói resistência à uma gestão autoritária – mascarada de democrática – que têm uma visão de universidade muito diferente da nossa. A APG/UFSCar repudia essa ação, tomada sem qualquer consulta à comunidade estudantil e reitera, mais uma vez, que continuaremos sendo resistência à esse projeto de destruição da universidade e de repressão às organizações estudantis. Seguimos em luta, em escala federal e em nossa própria comunidade. “

Nota da Débora Burini, docente do DAC

“Recebo com muita tristeza a notícia de que mais um espaço de arte e cultura será desfigurado, numa tentativa clara de aniquilar sua importância. Nem sempre uma revitalização tem o intuito de melhorar um espaço. Ao contrário, muitas reformas buscam simplesmente anular e apagar sua história e sua memória. Estou falando do Palquinho da UFSCar. O caldeirão efervescente da criação, da arte, da música, da literatura, do teatro, da cultura, do cinema, da ecologia, da diversidade do debate, da reflexão, da comunicação e tudo o mais que ali já se produziu. Levanta a mão quem nunca foi no palquinho!
Sim, entristece muito saber que somos excluídos do debate, do diálogo, das decisões no espaço público que nos pertence. O que leva gestores a passarem por cima dessas vozes sob a égide das mudanças? Esse Palquinho é nosso! De TOD@S nós! Se for para dar uma “cara nova” por que não ouvir a comunidade? O Palquinho não merece ser caricaturado ou transformado em um espaço careta feito a partir de uma proposta urbanística unilateral. O palquinho merece ser preservado, restaurado mantendo suas características originais, e não demolido ou re-vi-ta-li-za-do, porque quem revitaliza dá uma nova vida a algo que já morreu, que é subutilizado ou degradado, mas o Palquinho não morreu, ele vive, ele pulsa mesmo no silêncio e na escuridão.
Se o Palquinho incomoda do jeito que está é porque ele está vivo! Demolir esse espaço é matar o epicentro da criação artística e cultural da UFSCar. Não deixem o Palquinho morrer!”

Nota do DCE Livre UFSCar

“O palquinho é um lugar histórico na UFSCar: artistas e bandas, coletivos e entidades, mobilizações e lutas nasceram, ganharam força ali.
Atualmente é um dos poucos espaços que nós, estudantes, conseguimos utilizar para realização dos nossos eventos tanto culturais quanto políticos, devido à crescente burocratização do uso dos espaços da universidade. Encaramos isso enquanto um ataque à autonomia do DCE e de todos os estudantes em relação à um prédio que nos foi cedido há quase 30 anos.
A reitoria da UFSCar foi a primeira do país a se posicionar à favor do Future-se, um projeto de precarização e privatização das universidades públicas, e por isso, não estamos surpresos com a truculência e a falta de diálogo conosco. Sabíamos que isso seria intensificado no governo Bolsonaro, e que a reitoria iria repassar a política do governo federal para dentro da universidade.
A surpresa veio com o cinismo em alegar a “revitalização do espaço” sendo que sabemos que esta não é a verdadeira intenção. Se a reitoria queria melhorar o espaço para os estudantes, o DCE deveria ter sido acionado para elaboração conjunta do projeto. Nós, da gestão, estávamos encaminhando junto de diversos colaboradores a pintura e reforma do prédio, bem como um plantio de árvores na área onde era o bambuzal.
A questão é que não estamos dispostos- e acreditamos que a grande parte do conjunto dos estudantes se une a nós nesta posição- a assistir o desmonte da UFSCar e a perseguição ao movimento estudantil de braços cruzados. Já mostramos nossa força nos tsunamis da educação no primeiro semestre, e continuaremos na luta por todas as universidades públicas. Lutaremos pelos nossos espaços e nossa autonomia.”

EM DEFESA DO PALQUINHO

EM DEFESA DO PALQUINHO:Os estudantes da UFSCar sofreram mais um grande ataque: querem demolir o Palquinho, um espaço dos estudantes que foi conquistado em luta e doado para que nós geríssemos.Sem debater com a gestão do DCE, ou com nenhuma outra entidade de representação estudantil, a REItoria decidiu construir um anfiteatro no nosso espaço! Curioso que isso acontece diante de uma grave crise financeira da universidade: enquanto as bolsas acabam, o bandejão dobra de preço e departamentos nem tem onde ficar. Estrategicamente, a gestão da universidade escolhe buscar recursos para essa obra. Há alguns anos, já demoliram outro espaço que era nosso e, antes ainda, tiraram-nos a sede social, que se localizava no centro de São Carlos, prometendo que nos cederiam o espaço da pista da saúde em troca (que até hoje não podemos utilizar).Esta semana, já invadiram uma sala nossa e agora querem tirar um espaço tão querido de todos nós!Essa é mais uma grave demonstração da truculência que estamos passando! Nossa gestão do DCE estava colocando em prática uma revitalização do local, com redes de descanso, plantio de árvores no lugar do bambuzal tirado, pintura e produção de novos grafites; afinal esse local é nosso, podemos e queremos gerir sobre ele! O Palquinho é um lugar de encontro, vivências, cultura e principalmente de resistência, e precisa ser revitalizado e não demolido!Participe da Assembleia amanhã as 18h, do lado do ginásio

Posted by DCE Livre – UFSCar on Wednesday, September 4, 2019
Vídeo publicado ontem pela gestão do DCE Livre da UFSCar convocando os graduandos para assembleia

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